Um Pequeno Desabafo!

Ouvia de pessoas da luta que viveram em época de ditadura que, hoje em dia, pelo menos não fugíamos dos milicos! E com essa visão Pollyana de enxergar a militância, fui para as ruas, sem querer ver briga. Se o policial chega, é para escoltar manifestação. Mamãe sempre disse “não responda, vá de boa vontade a delegacia, não podem sujar sua ficha.” Que, desde o movimento Cara Pintada, o Brasil é um lugar aberto a pedidos em público da população através de marchas, passeatas.

Depois desse mês de junho, não sei mais acreditar nessas falas. O Brasil me lembra um campo de guerra, vejo companheirxs de militância em outras cidades passando por violências, vejo pessoas morrendo tanto no asfalto quanto na periferia, onde a repressão é muito maior. Isso dói, para piorar a dor, diminuem nossas lutas nos chamando de vândalxs, criminosxs. Cenas isoladas de “vandalismo” são colocadas como carro chefe das manifestações. Mas e a violência dos policiais que encurralaram manifestantes? E como pessoas desarmadas lutam e se defendem dessa violência?

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E quando acreditamos que chegamos ao absurdo da violência, vemos “civis apartidárixs” violentando outros civis que carregavam bandeiras de partidos políticos. Lá vamos nós de novo para o tão famoso e desesperador nacionalismo que, na verdade, mais me parece fascismo, proibindo a permanência de pessoas nas manifestações porque simplesmente fizeram a escolha de apoiar um partido político. Não, não tenho partido político, mas levanto bandeiras políticas e a luta política não existe sem levantar bandeiras. Somente radicais proibiriam que se levante bandeiras! Impor bandeiras e partidos é tão ruim quanto impor que não se levante bandeiras e partidos. Para transformarem esse apartidarismo violento em um único partido imposto é um pulo.

Nesse momento tenho medo, medo de não conhecer a repressão ditatorial apenas por histórias que me contaram. Tenho medo de sentir saudade da minha liberdade e do meu direito de ser contra. Sinto um pavor gigante de ver o caminho que as coisas estão tomando!

Texto de Sara Joker

 

Fonte: Blogueiras Feministas

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