Uma coisa que logo soube foi sobre os principais contornos para o meu vestido, as tais linhas mestras: algo leve, despojado, em que eu pudesse me sentir confortável para curtir o momento da festa. Mas outra coisa que martelava era: com quem fazer o vestido? Eu entrei em uma ideia meio fixa sobre isso e fiquei focada. Até procurei outros locais, mas sempre voltava para a mesma ideia.
A definição sobre como e com quem fazer meu vestido era demasiado importante, afinal, sou uma mulher gorda. E, vamos combinar, vivemos em um mundo no qual não há uma indústria da moda muito preocupada com mulheres como eu.
Aliás, temos o inverso: uma indústria altamente excludente, definindo padrões inalcançáveis para a maioria de nós. Somos cotidianamente bombardeadas por um padrão, em geral, alto, magérrimo, branco-loiro.
Acabamos crescendo sob esse mito da beleza, de um padrão de beleza que desconsidera nossa diversidade em modos de ser e estar no mundo. O papo sobre isso poderia render não apenas um texto, mas uma outra coluna inteira. E o fato aqui é o de que isso me assombrou por um período para definir como gostaria do meu vestido.
Entre variados manuais de casamento, encontrei, e busquei seguir, um conselho de que o vestido deveria ser decidido e sua feitura iniciada cerca de 8 meses antes da cerimônia. E lá fui eu. Algumas prosas aqui e acolá, algumas definições importantes como, por exemplo, decidir casar de tênis, outras questões sobre a cor do vestido, sobre um bom caimento, etc.
Mas o tempo foi passando e tive pouco retorno dos primeiros contatos para o vestido. E, veja bem, eu sendo a noiva, o mínimo que eu esperaria seria maior proatividade da pessoa escolhida para fazer o vestido e não apenas que eu ficasse atrás para tentar uma prova. Estou certa?
O tempo passou e eu tentei mais alguns contatos. E nada. Então, me vejo, faltando quatro meses do meu casamento e ainda sem vestido. Ou com “o vestido que não deu certo”. Ao menos, isso rendeu um perrengue compartilhável, para a gente ver que nem tudo são flores, nem todos os contatos que faremos renderão boas escolhas para o nosso casamento.
E cá estou, em pleno mês de junho, com o lembrete de que me caso em quatro meses e sem vestido, e sem seguir o manual da boa noiva – que eu, mesmo sem intencionalidade, acabei desconsiderando. E eu considero isso até que vitorioso, porque sigo na minha jornada de casamento mais alternativa. Só que eu preciso de um vestido.
E terei que fazer em, sei lá, 2 semanas, o que eu havia realizado com calma em 3 meses: encontrar o meu vestido, mas mais importante, quem considere tanto quanto eu o quão importante o vestido é para mim e para o meu dia.
Que Oxum me guie nessa empreitada. Axé!