A língua do Brasil – Por Fernanda Pompeu

Volta e meia, surgem na mídia e nas redes sociais listas com exemplos de erros crassos machucando a língua portuguesa. Estampam palavras que dizem o contrário do que o redator pretendeu dizer. Derrapadas ortográficas, concordâncias discordantes, ausências de coerência e coesão resultando em mensagens ininteligíveis.

Por esses dias, redações do Enen – que receberam média pontuação – foram pinçadas e expostas ao riso público. O tema da redação da prova era “Movimento imigratório para o Brasil no século 21.” Em uma delas, o redator reproduziu a receita de preparo do miojo. Em outra, sapecou trechos do hino do Palmeiras.

Não tenho competência e nem paciência para julgar. Sei que o miojo é uma contribuição japonesa e o clube paulistano tem italianos na sua origem. Mas lendo as duas redações fica evidente que não houve articulação entre os elementos. É grave. Mas discordo do escárnio para com esses redatores.

Detesto o dedo em riste! Pergunto: quem lidando, até profissionalmente com a língua, não comete erros? De ortografia, sintaxe, semântica? Respondo com absoluta certeza: ninguém! Dou meu próprio testemunho. Faz décadas que pago minhas contas escrevendo. Faz décadas que erro.

É evidente que não estou justificando, muito menos aplaudindo, o mau uso da gramática. Mas observo que a maioria escreve muito mal. Não me surpreendo. Vamos aos dados: em 1944, o país tinha 50% de analfabetos. Ou seja, um entre dois brasileiros não sabia o bê-á-bá.
Progredimos. Agora as pessoas tentam escrever. Mesmo que errado, tortinho, sem nexo claro. É o primeiro gesto para continuar. E melhorar. Pois escrever é difícil para caramba! Está longe de ser só juntar uma frase a outra. Para redigir corretamente é preciso ler o tempo todo e errar uma barbaridade.

Já disse o jornalista e frasista Barão de Itararé (1895-1971): “O português é uma língua muito difícil. Tanto que calça é uma coisa que se bota, e bota é uma coisa que se calça.” O nome do barão – que deu o título a si mesmo – é Apparício Torelli. Itararé foi uma batalha que não houve.

 

Fonte: Yahoo 

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