Nem todos sabem que o akará-je (bola de fogo de comer) é um alimento sagrado, oferecido a Oyá, também chamada de Iansã – deusa africana que controla ventos, tempestades, relâmpagos e fogo. Uma lenda africana conta que Iansã, após se separar de Ogum e se unir a Xangô, foi enviada pelo segundo marido à terra dos baribas em busca de um preparado que, ingerido, lhe desse o poder de cuspir fogo. Com sua ousadia, a deusa provou do líquido e ganhou o poder.
Relatos históricos revelam ainda que para homenagear os deuses, os africanos fazem cerimônias com o fogo, como o àkàrà, onde o iniciado engole mechas de algodão embebidas em azeite-de-dendê em combustão – ritual que lembra o preparo do tradicional acarajé.
No Brasil colonial, o acarajé era vendido nas ruas em tabuleiros que as escravas equilibravam sobre suas cabeças, enquanto iam cantando para atrair a freguesia. Com as vendas da iguaria, muitas delas conseguiam comprar sua própria liberdade.
Antes, as únicas pessoas autorizadas a vender o acarajé eram as filhas de Iansã e Xangô, mas por causa da popularização do quitute começaram a surgir baianas de todas as religiões. As baianas evangélicas, por exemplo, rebatizaram o acarajé de bolinho de jesus.
Fonte: Amarula Cream