Aline Midlej sobre ser uma jornalista negra: ‘Minha presença é política’

Enviado por / FonteUOL

A âncora do Jornal das 10, da GloboNews, Aline Midlej, tem bem claro em sua mente um dos seus principais objetivos como jornalista: humanizar a notícia. Mulher, negra, filha de nordestinos e com a família por parte de pai vinda do Líbano, Midlej carrega consigo uma “responsabilidade diferente”: a de representar na TV um grupo de pessoas que nem sempre tem visibilidade nas grandes mídias.

“Minha presença é política porque há poucas como eu em espaços como o que eu atuo. Então, naturalmente, eu sou uma representante de um grupo, de um tipo de mulher, de um tipo de história que ainda não é comum na televisão. Claro que eu carrego uma responsabilidade diferente, isso forja cada uma das minhas percepções”, ela explicou ao “Jornalistas e Etc.”, programa do Canal UOL.

Essas percepções de acordo com cada uma de suas vivências, para Aline, são uma parte muito importante da formação dela como profissional. De acordo com a apresentadora, cada um enxerga o mundo a partir das experiências e aprendizados que adquiriu e, dessa forma, molda o que acha que é mais relevante e quais notícias a comovem mais de acordo com sua própria vida.

Midlej nasceu no Maranhão, mas cresceu em São Paulo. Sua relação com o jornalismo começou aos poucos e, segundo ela, desde jovem ela já tinha a noção de que gostaria de ser uma mulher independente, com sua própria carreira, e que fosse capaz de se sustentar. Essa importância aprendeu em casa, com os pais, o que fez com que ela desde cedo tivesse responsabilidade com suas escolhas.

A jornalista começou como estagiária na TV Globo e, apesar de ter experiência em outras empresas, foi lá que cresceu. Além de ser apresentadora de um dos principais jornais da grade da GloboNews, Midlej também tem experiência na TV Globo. No canal aberto, apresenta o Jornal Nacional como parte do rodízio de apresentadores do principal noticiário da TV.

Jornalismo humanizado

Apesar de fazer parte da mídia tradicional, Aline tem como um dos motes principais de sua carreira a tentativa de humanizar a notícia e, acima de tudo, tentar se colocar o mais próxima possível dos telespectadores.

Na prática, para Aline, humanizar a notícia significa “viver a notícia e entender o que está sendo transmitido”. Para ela, é importante, acima de tudo, entender e explicar às pessoas como aquela notícia impacta diretamente na vida dela.

“Me colocar num lugar de conversa é um objetivo que tento ter”, disse à Thais Oyama. “Me coloco no lugar do cidadão comum, o jornalismo que to fazendo é para jornalistas ou para todo mundo?”, acrescentou.

Para a apresentadora, a pandemia fez com que o jornalismo brasileiro virasse uma nova página. Com as pessoas mais em casa, assistindo aos noticiários diariamente, os telespectadores passaram a acompanhar os jornalistas “como em uma novela”.

“Mesmo vivendo um momento de polarização em que a mídia acaba sendo muito atacada, principalmente os grandes grupos, a gente sai muito mais forte”, finalizou.

+ sobre o tema

Racismo no Brasil choca relatora da OEA sobre direitos das mulheres e afrodescendentes

Responsável pela fiscalização do cumprimento das leis e tratados internacionais...

Como uma funkeira “negra e gorda” virou símbolo de beleza e voz da favela

Carolina tem 23 anos e aprendeu na escola, ainda...

Sozinha eu ando bem, mas com você ando melhor

Mulheres negras e um ilá Vozes que por vezes ecoou...

para lembrar

É preciso dar um basta na corrupção no jornalismo

A categoria de jornalista devia se mobilizar num movimento...

OAB e ONG gaúchas abrem inscrições para prêmio Direitos Humanos de Jornalismo

Jornalistas e estudantes de todo o Brasil têm até...

Flávia Oliveira: ‘Glória Maria foi corajosa ao ousar ser um corpo negro feminino no jornalismo de TV’

A despedida de Glória Maria encerra um capítulo glorioso do jornalismo...
spot_imgspot_img

Imprensa negra: 190 anos de luta antirracista ligam passado e presente

“Criminoso seria o homem de cor, se na crise mais arriscada, na ocasião em que os agentes do Poder desembainham as espadas dando profundos...

Flávia Oliveira: ‘Glória Maria foi corajosa ao ousar ser um corpo negro feminino no jornalismo de TV’

A despedida de Glória Maria encerra um capítulo glorioso do jornalismo feminino negro brasileiro. Toda jovem, toda menina, toda mulher negra brasileira que um dia, a...

“Gloria se vai, mas fica. Nos deixa, mas permanece”, a pequena homenagem de uma jornalista que é sua grande fã

Eu escrevo este texto com as lágrimas ainda marejando os olhos. Essa é uma quinta-feira triste, amanhecida pela despedida de alguém que já deixa...
-+=