Após 30 anos, empresário acusa religioso de violentá-lo

ELIANE TRINDADE ENVIADA ESPECIAL A CAÇAPAVA DO SUL E NOVO HAMBURGO (RS)

Depois de três décadas de silêncio, o empresário Marcelo Ribeiro, 48, decidiu acusar publicamente um religioso de abusar sexualmente dele dos 12 aos 15 anos.

Autor de um livro lançado há três meses, que revela a história, mas omite a identidade do suposto agressor, Ribeiro disse à Folha que se trata do ex-padre católico João Marcos Porto Maciel, que também foi maestro de coros da Catedral de Diamantina (MG) e Novo Hamburgo (RS).

Após o lançamento da obra -“Sem Medo de Falar, Relato de uma Vítima de Pedofilia” (ed. Paralela)-, o empresário diz ter sido procurado por outras vítimas, o que o encorajou a revelar a identidade do religioso.

“O maestro que indico na biografia atende pelo nome de dom Marcos de Santa Helena”, afirma ele, que cantava no coral. “Com 12 anos, acordei com ele na minha cama e com minha calça abaixada”, diz. “Durante dois anos, fui abusado diariamente.”

A reportagem ouviu três homens que também relatam terem sido abusados.

Aos 74, o religioso disse à Folha que as denúncias de Ribeiro são uma vingança. Sobre outras acusações, afirmou, genericamente, que denúncias de pedofilia viraram “moda” (leia mais na pág. C4).

Dom Marcos vive em Caçapava do Sul (a 223 km de Porto Alegre). Em 2009, deixou a Igreja Católica e hoje celebra cultos num templo que segue uma linha própria, chamada por ele de “veterodoxa”.

Após se deparar com um exemplar de “Sem Medo de Falar”, o violoncelista gaúcho Alexandre Diel, 42, entrou em contato com o autor.

Diel também relata ter sido abusado aos 11 anos na paróquia de Hamburgo Velho. “Um dia ele me chamou para levar roupas à lavanderia no subsolo. Fechou a porta, baixou minhas calças, me deixou nu de costas e me penetrou”, relata.

Mais dois ex-integrantes de corais disseram à Folha, sob anonimato, que foram abusados pelo religioso.

“Sou mais uma vítima do maestro João Marcos”, afirma um enfermeiro de Porto Alegre, de 45 anos, que integrou o coro de Diamantina entre os 8 e 13 anos.

Um funcionário público mineiro de 39 anos, que entrou para o coral aos 12, afirma que sofria agressões físicas e, depois dos ensaios, dom Marcos o convidava para “dormir na casa paroquial, onde houve sexo”.

Eles dizem que fariam as acusações em juízo, mas os casos não podem mais ser julgados. Pela lei, o crime de pedofilia prescreve dez anos após a vítima fazer 18 anos.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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