Antes de divulgar as notas dadas pelos jurados para as escolas do Carnaval de São Paulo, o locutor Zulu se manifestou em tom de protesto após fala racista do presidente da X9 Paulistana, Mestre Adamastor.
Zulu leu um trecho do samba-enredo “Narciso Negro”, cantado pela Nenê de Vila Matilde no Carnaval de 1997 sobre a importância do respeito.
“Há pessoas que não respeitam, é bom respeitar. ‘Sou herança de Zumbi, sou liberdade, sou povo, sou negro, sou arte’. O poeta que disse, não foi eu não. Procure saber quem foi esse poeta. Muito importante saber quem é”, declarou o locutor.
O protesto aconteceu após a repercussão de uma fala racista do presidente da X9 Paulistana, Mestre Adamastor. A Liga de Carnaval do estado também se manifestou em tom de repúdio.
“Como organizadora de uma festa cuja identidade é essencialmente negra e enquanto representante do samba em São Paulo, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo vem a público para se opor às falas de cunho racista, manifestadas por falta de conhecimento durante o início do desfile da X-9 Paulistana, no último domingo (19)”, disse a liga em nota.
Mestre Adamastor havia convocado membros da escola de samba e pedido para eles levantarem a mãe e fecharem o punho e perguntou se eles sabiam o que significava o símbolo.
“Porr* nenhuma”, respondeu ele, que no perfil do Instagram sinaliza ser palestrante motivacional. “Se a gente não cantar, a gente tá morto com farofa. Essa é a real”, completou.
A Liga Independente das Escolas de Samba de SP ressaltou que o punho cerrado é um símbolo da luta antirracista “que expressa a unidade, a força e o orgulho do povo preto”.
“A Liga-SP não compactua com a fala equivocada de um presidente, manifestada durante o Carnaval SP 2023, e vai tomar as medidas cabíveis internamente”, afirmou a organização.