A nova aventura de Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo em “Tartarugas Ninja: Caos Mutante” está cheia de novas descobertas e aceitação. O maior trunfo da história é que, novamente, April O’Neil é representada como uma mulher preta e jornalista. A personagem já foi retratada assim na série Rise of the Teenage Mutant Ninja Turtles.
Que as Tartarugas Ninjas estão presentes no imaginário popular há anos, isso é um fato. Mas, por mais estranho que pareça, eu nunca havia tido contato com essa história apesar dos personagens terem uma constante conexão com os elementos da cultura negra.
Pode não estar explícito, mas os protagonistas enfrentam os corres da maioria das pessoas negras de periferia: são adolescentes que vivem em um local escondido, do qual parte da população tem medo de qualquer criatura que venha a sair de lá.
Fazendo um paralelo para a vida real, isso pode representar a vida das pessoas negras que vivem nas periferias e sentem na pele o preconceito de não serem aceitos em espaços elitistas nos centros das cidades, seja pela sua forma de vestir, se comportar e tantas outras questões que só quem vive isso diariamente sabe.
Portanto, essa crítica vai partir da minha percepção sobre o lançamento que chega às salas de cinema brasileiras em 31 de agosto de 2023. Falando do lugar de jornalista negra e periférica, vivo o dilema de diversas meninas como eu: da não representatividade, de se ver sozinha e por muitas vezes excluída nos espaços, e de não ter a vivência validada.
Na última sexta (25), participei de uma ação dedicada a jornalistas negras promovida pela Paramount Pictures e a Pizza Hut à convite de Geledés – Instituto da Mulher Negra, onde acompanhamos a pré-estreia do filme no Shopping Cidade Jardim e teremos a oportunidade de escrever as primeiras críticas da carreira.
E a experiência não poderia ter sido mais maravilhosa! Estar no cinema junto às meninas que enfrentam o mesmo corre que eu e se ver representada na tela foi algo maravilhoso. Todas ficamos profundamente inspiradas pela presença da April e a história de irmandade entre as tartarugas ninja.
Entre as coisas que mais me chamaram a atenção foram a identidade visual do filme, que mistura o 3D e passagens desenhadas a mão, as cenas de artes marciais de tirar o fôlego e as piadas cheias de referências à cultura pop: tem o jogo Fruit Ninja, Shrek, Hulk, a piada sobre quem é o “melhor Chris” (em referência aos atores Chris Pine, Chris Pratt e Chris Hemsworth) e até na trilha sonora tem o meme do He-man cantando “What’s Up?” da banda 4 Non Blondes.
Em relação a April, foi muito legal ver uma menina como eu que é toda espontânea, é estilosa, fala gírias e também se sente insegura às vezes, mas se acolhe em seus momentos de vulnerabilidade. Ela me mostrou algo que tento transmitir todos os dias: a importância de fazer notícias humanizadas e quebrar o estereótipo atrelado a certas populações. Obrigada April, por me lembrar que a minha profissão e ser quem sou também faz de mim uma heroína.
Distribuído pela Paramount Pictures e a Nickelodeon Movies, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante chega aos cinemas brasileiros em 31 de agosto.