Os dois últimos anos marcaram uma efervescência de trabalhos de cunho político/social.
Por MATHEUS FABIO, do Portal Famosos
Em 2015 com o “To Pimp A Butterfly”, Kendrick Lamar começava de vez a chamar a atenção do público para as causas raciais, quando seu disco recebeu destaque no Metacritic como um dos mais bem-avaliados do ano, além de ser o centro das atenções pelo seu conteúdo bem costurado em uma espécie de linha do tempo sobre a história dos negros no Hip-Hop.
Já em 2016, Beyoncé nos trouxe o “Lemonade”, disco que apresenta toda uma imagética de empoderamento, críticas sociais fortíssimas como no videoclipe de “Formation” e o florescimento oficial da cantora em um outro nível artístico. Ainda no CD de Beyoncé ambos colaboram na faixa “Freedom”, que fala sobre a liberdade, suas consequências e a constante busca por ser quem realmente é, em meio à luta diária contra preconceitos.
Muitos ainda criticam a posição desses artistas de misturarem suas artes com problemáticas sociais, afirmando que muitas vezes isso não passa de “falso ativismo”.
Porém, os rumores são apenas meras conversas paralelas e sem fundamento comum.
Em entrevista para o site Pitchfork, um dos mais importantes ativistas do movimento #BlackLivesMatter atualmente – fundado em 1960 com o intuito de trazer questionamentos ao público sobre o racismo e aos constantes assassinatos de negros nos EUA nas últimas décadas – DeRay McKesson elogiou as performances de Kendrick e Beyoncé em suas artes, quando questionado pelo site.
Antes, ele falou sobre a importância da música para o movimento:
“Nós não inventamos resistência ou descobrimos a injustiça agora. Nós existimos em um legado de luta. E através de tudo isso, a música tem desempenhado um papel importante, se pensarmos sobre o Negro Spiritual – gênero musical característico – ou o nascimento de Hip-hop e Rap. Se é através da música de Kendrick ou do álbum de Beyoncé, a música continua a ser a melhor forma que ambos apresentam de se expressarem no mundo em que vivemos hoje e imaginar o que é possível a se fazer.”
E completou sobre o poder desses artistas na influência internacional:
“Nós não nascemos acordados ou sabendo de tudo. Algo nos acorda, nos inspira. Para algumas pessoas, o que causa esse despertar é um vídeo de violência policial ou a proximidade com um amigo. Para algumas pessoas, é através da arte. Há muitas maneiras no qual as pessoas começam a entender o mundo de uma forma mais profunda, e música é uma dessas maneiras. Especialmente na negritude, músicas de libertação tem sido fundamentais para a nossa compreensão do que estamos passando e ainda plantar uma semente de esperança e nos incentivar a lutar, mesmo nos momentos mais difíceis. ”Alright’ de Kendrick Lamar faz isso, ela reconhece o trauma e diz que vamos ficar bem apesar de tudo. E ‘Lemonade’ é uma maneira que Beyoncé encontrou em sua visibilidade pública para expressar seu amor e apreço pela negritude, especificamente como uma mulher negra.”