Baby Doc quer ‘reconciliação nacional’ no Haiti

O ex-presidente do Haiti Jean Claude Duvalier, mais conhecido como Baby Doc, fez um chamado à reconciliação nacional, em um pronunciamento à nação transmitido pela TV.

Baby Doc, que é acusado de graves violações de direitos humanos durante os 15 anos em que ficou no poder, fez uma espécie de mea culpa e expressou “profunda tristeza aos compatriotas que dizem ter sido vítimas do meu governo”.

O curto discurso foi o mais longo desde que ele retornou ao país, no domingo.

Baby Doc é responsabilizado por inúmeros assassinatos e torturas, bem como a saída de 100 mil haitianos do país durante o período em que se declarava “presidente vitalício”, entre 1971 e 1986.

A milícia que o protegia, os Tontons Macoutes, é acusada de graves violações dos direitos humanos.

Baby doc foi deposto por um levante popular em 1986 e, em 2007, pediu perdão ao povo haitiano por “erros” cometidos durante o seu governo.

As razões pela qual o ex-presidente retornou ao país são pouco claras e alvo de especulações. Baby Doc diz que voltou para ajudar na reconstrução do Haiti, que ainda está longe de se recuperar dos efeitos do terremoto de janeiro de 2010.

– Estou aqui para demonstrar minha solidariedade neste momento –, afirmou, durante o pronunciamento.

Processos

Nesta semana, quatro haitianos vítimas de violações contra os direitos humanos sob o governo de Baby Doc entraram com uma ação na Justiça para ver o ex-presidente no banco dos réus. As acusações incluem detenção arbitrária, destruição da propriedade privada, tortura e violação de direitos civis e políticos.

O ex-líder também está sendo processado pela promotoria haitiana por enriquecimento ilícito e corrupção.

As novas acusações atendem a pedidos de organizações internacionais de direitos humanos, que pressionam para que o ex-líder seja julgado por supostamente ter ordenado a tortura e a morte de milhares de haitianos.

A Anistia Internacional disse ter repassado às autoridades haitianas cerca de 100 arquivos individuais que atestariam as violações cometidas durante o governo de Baby Doc.

Apesar disso, um dos advogados do ex-presidente disse que Baby Doc tem planos de ficar no Haiti e voltar à política.

Duvalier, 59, assumiu o poder no Haiti aos 19 anos de idade, após a morte de seu pai, François Duvalier, o “Papa Doc”, que governou o país entre 1957 e 1971.

Eleições

O retorno de Baby Doc aconteceu no dia exato em que deveria ocorrer o segundo turno das eleições presidenciais no Haiti. A votação foi adiada por causa de uma disputa em torno dos nomes que deveriam constar na cédula eleitoral.

O candidato governista, Jude Celestin, e o cantor Michel Martelly querem participar do segundo turno com a ex-primeira-dama Mirlande Manigat, considerada vencedora do primeiro turno, em 28 de novembro, em uma votação criticada devido a relatos de fraude, violência e intimidação de eleitores.

Resultados provisórios anunciados em dezembro pelo conselho eleitoral apontavam Celestin como o segundo colocado, com pequena vantagem sobre Martelly.

Mas os resultados provocaram protestos violentos por parte de partidários de Martelly, que alegou ter perdido o segundo lugar por causa de fraudes.

Há quem veja o retorno de Baby Doc ao Haiti como uma tentativa de eleger Martelly, mas o ex-presidente ainda não expôs oficialmente quem seria seu preferido na corrida eleitoral.

Fonte: Correio do Brasil

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