Centro-direita vence eleição europeia

Em pleito para o Parlamento Europeu, socialistas perdem tanto nos países em que são opositores, quanto onde governam

Analistas afirmam que esquerda europeia perdeu oportunidade histórica de se capitalizar eleitoralmente com atual crise econômica

Da Folha de S. Paulo 

Eleitores no sul da Alemanha votam para o Parlamento Europeu; centro-direita, da chanceler (premiê) Angela Merkel, venceu no país  (Foto: Joerg Koch/France Presse)

Partidos de centro-direita saíram claramente vencedores das eleições continentais para o Parlamento Europeu, iniciadas na última quinta-feira e concluídas ontem.

Os resultados iniciais ontem à noite indicavam que partidos conservadores e liberais venceram o embate com a centro-esquerda tanto em países por eles governados, caso da Alemanha e da França, quanto naqueles em que fazem oposição, como no Reino Unido e na Espanha.
O pleito foi marcado por fortíssima abstenção, com apenas 43% do total de eleitores -cerca de 375 milhões de pessoas, espalhadas por 27 países- comparecendo às urnas.

Eles elegeram a 7ª legislatura do Parlamento Europeu, que vem ganhando importância dentro da União Europeia nas últimas décadas, embora ainda detenha poder menor do que a Comissão Europeia, equivalente ao Executivo da UE, e o Conselho Europeu, formado pelos presidentes e primeiros-ministros dos Estados-membros.

Além da abstenção, também contribui para o questionamento da legitimidade da UE o relativo bom desempenho de partidos e candidatos críticos ao modelo e poder de Bruxelas, principal sede do bloco.

Partidos “eurocéticos”, de esquerda e de direita, ganharam maior percentual de votos ontem do que nas eleições europeias anteriores, de 2004.
Análises iniciais chamavam a atenção para o fato de a esquerda ter perdido a chance histórica de, durante a pior crise econômica desde a Grande Depressão, capitalizar-se com o fracasso do modelo liberal de condução da economia (inquestionável dentro da centro-direita) e ganhar votos dos cidadãos insatisfeitos.

Resultados preliminares indicavam que o Partido Popular Europeu, à direita, sairia das urnas com algo entre 263 e 273 do total de 736 cadeiras no parlamento. Os socialistas devem ficar com, no mínimo, 155, e, no máximo, 165 assentos.
Na atual legislatura, composta de número maior de deputados -785-, a coalizão conservadora detêm 288 cadeiras, contra 217 dos socialistas.

Ampla vitória

Como já indicavam as pesquisas, a centro-direita saiu vencedora na Alemanha da chanceler (premiê) Angela Merkel, que detêm o maior número de eurodeputados (99). Segundo projeções, alcançou quase 40% dos votos.

Também na França, que contribui com 72 eurodeputados, os aliados do presidente Nicolas Sarkozy alcançaram 28% dos votos, contra uma oposição bastante fragmentada.
Na Itália, os candidatos do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que reúne as características de ser de “centro-direita” e abertamente “eurocético”, saíram na frente, com cerca de 40% dos votos.

Mesmo em países governados por partidos de centro-esquerda, a direita triunfou. A derrota dos trabalhistas do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, pode contribuir ainda mais para o enfraquecimento de seu governo.

Pesquisas indicavam ontem à noite que o Partido Trabalhista deveria chegar em terceiro lugar na eleição europeia, com algum risco de um humilhante quarto lugar, numa performance descrita pelo diário “Daily Telegraph” como a “pior de todos os tempos”.
O partido mais à direita no país, o BNP (sigla em inglês para Partido Nacional Britânico) conseguiu eleger seu primeiro eurodeputado na história. Outras legendas da extrema-direita também se saíram bem.

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