Classes médias formam um terço da população africana

 

Paris – Um terço da população africana pertence a classe média, que se desenvolveu há duas décadas graças ao crescimento económico, segundo um relatório do Banco Africano de Desenvolvimento, citado hoje (segunda-feira) pela AFP.

Em 2010, 34,3% da população africana, ou seja 313 milhões de habitantes, pertencem às classes médias, contra os 111 milhões (26,2% da população) em 1980, segundo este relatório publicado em Abril de 2011.

A organização considera como pertencentes a esta categoria intermédia os que gastam entre 2 e 20 dólares por dia, tendo em conta custo de vida em África. Entre eles, os que vivem com 2 a 4 dólares por pessoa e por dia são bastante vulneráveis, prevê o BAD.

Posta à parte, a classe média estável representa cerca de 120 milhões de pessoas.

“Um crescimento económico sólido em África nas duas últimas décadas contribuiu para reduzir a pobreza em África e aumentou a dimensão da classe média”, que apoia o consumo e o desenvolvimento do sector privado, indica o relatório.

“A classe média em África está próxima da dimensão da classe média na Índia ou na China”, indica o BAD.

O crescimento económico, a redução das desigualdades, o desenvolvimento do sector privado, a criação de empregos salariais estáveis e o ensino superior são factores que facilitaram a emergência desta classe.

Mais educados, os seus membros são geralmente assalariados ou pequenos empresários, têm tendência de viver nas cidades ou perto da costa, em alojamentos dotados de equipamentos modernos.

Têm mais acesso à electricidade e ao acesso alto débito, possuem menos filhos e gastam mais para educá-los do que os mais pobres.

O futuro desta classe média é “crucial para o desenvolvimento económico e político de África”, considera o BAD.

Irá representar um mercado para as empresas privadas como eram tradicionalmente as classes médias nos Estados Unidos e na Europa. O consumo no continente atingiu um terço do nível dos países desenvolvidos europeus e manteve-se durante a recessão.

“A venda de geleiras, televisores, telefones móveis e de automóveis aumentaram significativamente em quase todos os países nos últimos anos”, sublinha o BAD.

A ascensão da classe média “pode ser um elemento chave para que as economias africanas dependam mais da sua demanda interna” e menos das exportações, considera o relatório.

No plano político, melhor informada e mais consciente dos direitos humanos, a classe média é mais exigente sobre a qualidade dos serviços públicos e apoiam as ONG que reclamam das contas aos governos.

No entanto, as desigualdades continuam importantes, enquanto que 100 mil africanos concentram nas mãos 60% do PIB do continente em 2008, segundo o relatório.

Por outro lado, 61% da população encontra-se abaixo da linha da pobreza com 2 dólares gastos por dia.

 

 

 

 

Fonte: Angola Press

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