Denúncia de revista tem motivo político, diz ministro do Esporte Orlando Silva

EMILY CANTO NUNES

O ministro do Esporte, Orlando Silva, não tardou em responder às denúncias publicadas na última edição da revista Veja, as quais afirmam que está sob sua liderança um esquema de desvio de verbas na pasta. Em Guadalajara, no México, participando da missão brasileira nos Jogos Pan-Americanos, Orlando Silva disse que as declarações dadas ao periódico são caluniosas, com objetivos políticos, e que acionará a Polícia Federal, os órgãos competentes e a Justiça contra os indivíduos que lhe implicam na matéria. Orlando Silva disse ainda estar indignado: “não sou do tipo de político que não se defende, que banaliza esse tipo de acusação. Quando a única coisa que se tem é o nome e a honra é preciso se defender.”

Segundo o ministro, as denúncias podem ser “retaliações de ações que ele tomou” à frente da pasta. Orlando disse já ter sido avisado no passado de irregularidades em uma organização não-governamental (ONG) e de ter tomado a medida mais drástica para apurar as denúncias. Ao Tribunal Geral da União o ministério entrou com o pedido de tomanda de contas especial e o retorno de R$ 3 milhões em investimentos do Segundo Tempo, programa sobre o qual pesam as acusações. “No meu Ministério, não tememos nada. Se há denúncias, há de procurar os órgãos competentes”, afirmou, em entrevista coletiva. Ao final da reunião, Orlando disse que não pretende tomar medidas contra a Veja. “As pessoas compram as revistas se quiserem”, resumiu, mas que contra os personagens da calúnia sim.

O ministro explicou que em 2008 o Ministério começou a exigir a prestação de contas e deu a oportunidade para as entidades provasse suas ações. Além disso, Orlando Silva falou que hoje o programa Segundo Tempo é acompanhado com muito mais rigor pedagógico e de fiscalização. Segundo ele, partir deste ano, os convênios serão firmados apenas através de edital, pois a procura por recursos aumento muito, e não serão realizados convênios com entidades privadas. De acordo com ele, as entidades públicas, como universidades, por exemplo, já possuem mecanismo de fiscalização do uso de recursos atrelados com o governo.

Orlando Silva contou também que conversou com a presidente Dilma Rousseff sobre a matéria da revista e as denúncias caluniosas e que mostrou com dados e informações o andamento do programa. “Fiquei muito feliz após falar com ela. Ela me disse que seguisse a minha agenda”, afirmou o ministro. Sobre a possibilida de afastamento, possibilidade levantada pelo que líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Duarte Nogueira (SP), o ministro desconversou e repetiu que a única orientação dada pela presidente é que ele sim, se defendesse, e que continuasse seu trabalho.

Copa 2014

“Eu acredito que a instabilidade na ação de qualquer governo é negativa para as atividades do próprio governo. A instabilidade na atividade do Ministério é negativa para a ação do Ministério. Se há algum opositor, ou algum interessado em algum tipo de instabilidade, essa motivação pode ter fundo político, mas a Copa do Mundo é outra assunto”, afirmou o ministro sobre as denúncias que adjetivou como caluniosas.

O ministro Orlando Silva disse também não acreditar que o que foi publicado pela revista irá prejudicar a imagem do Brasil, sede da Copa do Mundo em 2014. Ele disse que os doze estádios já estão em obras e que a Fifa pode escolher qual gostaria de realizar a abertura da Copa das Confederações. O ministro afirmou também que os aeroportos já estão com uma melhor qualidade e que agora trabalha para melhorar o transporte, não só para a Copa, mas como um legado para o Brasil.

Denúncias

Segundo denúncias da revista, diversos membros do PCdoB, capitaneados pelo ministro, faziam parte do esquema de irregularidades envolvendo convênios com ONGs. A presidência do partido disse que ainda está lendo as denúncias e que não tem uma resposta oficial. Fontes no governo afirmam que a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 elevaram a importância da pasta.

Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos, o policial militar e militante do partido João Dias Ferreira, como mentor e beneficiário. O esquema pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. João Dias, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.

De acordo com Ferreira, as ONGs recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando Silva teria recebido, pessoalmente, dentro da garagem do Ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes da quadrilha. Parte desse dinheiro, acusa a Veja, foi usada para pagar despesas da campanha presidencial de 2006.

Fonte: Terra

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