Ellis Marsalis Jr., pianista e lenda do jazz, morre aos 85 anos vítima do coronavírus

Americano é patriarca de família de músicos, entre eles o trompetista Wynton Marsalis

Foto- JEWEL SAMAD : AFP

Morreu nesta quarta-feira o pianista e lenda do jazz Ellis Marsalis Jr., aos 85 anos, por complicações do novo coronavírus. Além de ter atingido sucesso na carreira de músico e respeito como educador, Ellis era o patriarca de uma família de expoentes do jazz da cidade de Nova Orleaans — mais notadamente o trompetista Wynton Marsalis e o saxofonista Branford Marsalis, que ganharam fama nacional no início dos anos 1980, ao liderarem um movimento de renascimento do jazz tradicional.

A morte causada pela Covid-19 foi confirmada por Branford ao “New York Times”. “Meu pai era um músico e professor gigante, mas um pai ainda maior. Ele derramou tudo o que tinha para nos tornar o melhor do que poderíamos ser’”, disse o saxofonista através de um comunicado. Outros nomes de destaque da família de Ellis Marsalis são o trombonista Delfeayo e o baterista Jason.

Um dos pianistas e compositores mais respeitados no meio do jazz, Ellis Marsalis também foi professor em importantes instituições de formação nesse gênero musical. Entre elas está o Centro de Artes Criativas de Nova Orleans e o programa de jazz da Universidade de Nova Orleans.

O músico foi um dos responsáveis por disseminar estilo bebop no sul de Nova Orleans, onde as big band’s dominavam a cena do jazz. Ao longo de sua carreira gravou 20 álbuns solo e tocou ao lado de outras lendas como Ornette Coleman, e Nat e Cannonball Adderley .

Ellis Louis Marsalis nasceu em 14 de novembro de 1934 em Nova Orleans. Seus pais eram donos de um hotel no subúrbio da cidade e se envolveram no movimento dos direitos civis do negros nos Estados Unidos na década de 1960. Nomes como Martin Luther King Jr. e Ray Charles chegaram a se hospedar no estabelecimento da família na época.

O envolvimento dos pais com a militância política também despertaram Ellis para questões sociais. Wynton Marsalis, em entrevista dado ao GLOBO no ano passado, lembrou do prazer do pai em falar sobre a sociedade americana, o mundo, e, claro, sobre música.

— Minha mãe era assim, e meu pai era assim. Todos os músicos de jazz com quem cresci, mesmo antes de gostar de música, eu gostava de escutá-los falar. E eles sempre falavam sobre questões sociais e políticas de uma forma bem animada. E eles tinham muitas opiniões, podia ser Dizzy Gillespie ou Art Blakey ou (Harry) “Sweets” Edison. Então, tudo isso faz parte da música — contou Wynton.

Além dos filhos, Ellis Marsalis conduziu toda uma geração de young lions (jovens talentos do jazz) que despontariam a partir dos anos 1980, entre eles — incluindo os trompetistas Terence Blanchard e Nicholas Payton, o saxofonista Donald Harrison Jr. e o pianista, cantor e ator Harry Connick Jr..

A prefeita de Nova Orleans, LaToya Cantrell, lamentou a morte do patriarca Marsalis, que continuou a se apresentar regularmente na cidade até dezembro passado: “Ellis Marsalis era uma lenda. Ele era o protótipo do que queremos dizer quando falamos sobre o jazz de Nova Orleans. Ele era professor, pai e ícone — e as palavras não são suficientes para descrever a arte, a alegria e a maravilha que ele mostrou ao mundo.”

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