Em carta, Dilma oficializa apoio a plebiscito para antecipar eleições presidenciais

A presidente afastada, Dilma Rousseff, leu na tarde desta terça-feira (16) uma carta aos brasileiros em que defende um plebiscito sobre novas eleições. Ela também reforçou que o processo de impeachment é uma ruptura à democracia.

Por Marcella Fernandes Do Brasil Post

O manifesto de quatro páginas intitulado Mensagem ao Senado e ao povo brasileirofoi apresentado pela petista em uma entrevista coletiva realizada na residência oficial da Presidência da República.

“Todos sabemos que há um impasse gerado pelo esgotamento do sistema político, seja pelo número excessivo de partidos, pelas práticas políticas questionáveis a exigir profunda transformação nas regras vigentes. Estou convencida da necessidade e darei apoio irrestrito à convocação de plebiscito para consultar a população sobre a realização antecipada de eleições, bem como sobre a reforma política e eleitoral.”

 

A petista admitiu erros durante a sua gestão e prometeu uma “nova e promissora realidade política” se voltar ao Planalto. “Na jornada para me defender do impeachment, me aproximei mais do povo, tive oportunidade de ouvir seu reconhecimento, receber seu carinho. Ouvi críticas duras ao meu governo”, disse.

Na carta direcionada também aos senadores, a presidente afastada se diz inocente e com uma história sem “desonestidade, covardia e traição“. Sem fazer uma referência direta ao presidente em exercício, Michel Temer, ou ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Dilma afirma não ter contas ocultas no exterior nem ter recebido propina.

“Se consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de estado”, afirmou Dilma. “Não devemos permitir que uma eventual ruptura da ordem democrática (…) fragilize a nossa democracia com um sacrifício dos direitos assegurados na Constituição de 1988. Unamos nossas forças e propósitos na defesa da democracia, do lado certo da História”, completou.

A proposta de novas eleições tem sido debatida dentro do PT desde a iminência do afastamento de Dilma, mas encontra resistências, especialmente porque não tem apoio dos movimentos sociais ligados ao partido.

O presidente da legenda, Rui Falcão, chegou a dizer que não há “nenhuma viabilidade” na medida, que precisaria ser aprovada por meio de uma emenda à Constituição, para a qual são necessários três quintos dos votos tanto no Senado quanto na Câmara, em dois turnos.

Na manhã desta terça-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros, criticou a proposta de realização do plebiscito. “Na democracia, a melhor saída sempre é a saída constitucional, e plebiscito e novas eleições não estão previstos na Constituição”, afirmou.

Pesquisa Datafolha divulgada em julho revela que 62% dos brasileiros defendem novas eleições.

O julgamento final do impeachment está previsto para começar em 25 de agosto. Aliados de Temer trabalham para que dure três dias, mas a previsão de técnicos do Senado é que a votação leve até cinco dias.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, se reúne nesta quarta-feira (17) com Renan e líderes do Senado para definir detalhes. Ele defende que o julgamento não ocorra no fim de semana, mas o presidente do Senado quer que a votação não seja interrompida.

A petista conta hoje com apoio de cerca de 20 dos 81 senadores. Para ser absolvida, são necessários, pelo menos, 28 votos. Caso ela seja considera culpada, Temer segue no Planalto até o fim do mandato, em 2018.

Dilma é acusada de crime de responsabilidade pela edição de decretos sem autorização do Congresso e pelas pedaladas fiscais, atrasos de repasses do Tesouro Nacional para o Banco do Brasil no Plano Safra.

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