Empresa de Jay-Z agencia Vinicius Jr. e vê Brasil como país que mais oferece jogadores de alto nível

Rapper, com fortuna de US$ 2,5 bi, também será responsável pelas carreiras de Endrick e Martinelli

“Ei, Jay-Z. Te esperando no Brasil!”, escreveu Vinicius Junior no Twitter.

Não foi espontâneo, apenas um passo de marketing. Mas a postagem, feita na última sexta-feira (7), confirmou a disposição da Roc Nation, uma das maiores empresas de agenciamento do planeta, de entrar no mercado brasileiro.

Por valor não revelado, ela comprou a TFM, que tem em seu portfólio de clientes 46 jogadores de futebol. A companhia norte-americana passou a ser responsável pela carreira, entre outros, de Vinicius Junior e Martinelli, integrantes da seleção na última Copa do Mundo. Também está na lista Endrick, vendido pelo Palmeiras para o Real Madrid por cerca de R$ 400 milhões.

Avaliada em cerca de US$ 800 milhões (R$ 3,8 bilhões em valores atuais), a Roc Nation foi criada pelo bilionário rapper Jay-Z, marido da cantora Beyoncé. Conhecido também nos últimos anos por associação a grandes nomes do esporte, o músico tem fortuna avaliada em US$ 2,5 bilhões (R$ 12 bilhões), segundo a revista Forbes.

“O Brasil é o país de origem do maior número de atletas envolvidos com transferências internacionais. O Brasil ainda é quem mais oferece atletas de alto nível a todo mundo”, disse Thiago Freitas, COO da Roc Nation no país.

A negociação chama a atenção, não só pela fama dos agenciados mas pelo agenciador. Jay-Z é um dos nomes mais famosos da música mundial (a exemplo de sua mulher), e a estratégia é investir na imagem individual dos seus clientes, deixando às vezes de lado que eles fazem parte de um esporte coletivo como o futebol.

A conclusão dos executivos da empresa é que os craques do país são muito mais conhecidos do que as equipes em que atuam.

“Nossos clubes são desconhecidos de quase todos nos principais mercados do mundo, mas o talento dos atletas brasileiros é alardeado cada vez mais, e eles estão cada vez mais presentes nos principais clubes, nas principais competições, nos principais jogos, e nos principais títulos. A Roc Nation expandiu seus negócios para representar e potencializar o talento brasileiro em todo o mundo, algo alinhado com o propósito que sempre tivemos, que é o de levar os mais talentosos para os mais importantes palcos”, afirmou Frederico Pena, CEO da Roc Nation.

O plano é que os jogadores mostrem não só informações, fotos e vídeos relacionados a seus times mas o estilo de vida, histórias pessoais, de superação, e causas sociais que defendem. Como se o esporte se transformasse em um complemento.

“Seguimos o caminho natural de uma revolução que está apenas começando, mas que já é evidente”, observou Freitas.

Dentro desse modelo, Vinicius Junior é o agenciado ideal e pode se transformar no maior patrimônio da Roc Nation no futebol. Talentoso e membro de uma equipe vencedora, o Real Madrid, ele foi alvo de repetidos casos de racismo na Espanha. Tornou-se ativista da luta contra a discriminação.

“O empoderamento de seus representados é um objetivo relevante, especialmente daqueles que lidam com diferentes preconceitos, sejam de cor ou origem. Nossas raízes são de uma maravilhosa miscigenação”, acrescentou o COO.

Criada em 2008 como uma gravadora, a Roc Nation avançou para o agenciamento de artistas musicais. Os maiores nomes sob o guarda-chuva da marca são Rihanna e Alicia Keys. A Roc Nation Sports, braço de agenciamento esportivo, nasceu em 2013. No futebol, os jogadores mais conhecidos até a chegada dos brasileiros eram belgas: Kevin De Bruyne, Romelu Lukaku e Alex Witsel.

“Em mercados esportivos mais desenvolvidos como Estados Unidos e alguns países europeus, a carreira de qualquer atleta é planejada considerando ganhos com salários e premiações, e também patrocínios e publicidade. No Brasil, apesar de termos nomes de destaque em várias modalidades, a gestão de carreira de atletas ainda é em sua maioria amadora, e o percentual de atletas em atividade que também estampam campanhas publicitárias é muito baixo, daí a oportunidade de profissionalização e crescimento”, opinou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

A Roc Nation avalia que a empresa e seus clientes têm 1,7 bilhão de seguidores nas redes sociais.

A compra da TFM faz também Jay-Z herdar clientes com bem menos potencial de retorno, como os laterais Lucas Pires e Nathan. Ambos foram afastados pelo Santos no mês passado por problemas técnicos e disciplinares.

Antes da investida no Brasil, a Roc Nation já agenciava 39 jogadores de futebol. No total, apenas entre esportistas, eram 171 contratados de beisebol, futebol americano, basquete, críquete e rúgbi.

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