Estado tem obrigação de apurar assassinato de líder quilombola

É com profundo pesar que lamentamos a morte de Maria Bernadete Pacífico, covardemente assassinada na noite desta quinta-feira (17).

Mãe Bernadete, como era carinhosamente chamada, era coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) e liderança do quilombo Pitanga dos Palmares, localizado em Simões Filho (BA).

Sua dedicação incansável à preservação da cultura, da espiritualidade e da história de seu povo será sempre lembrada. Nos apoiaremos em seu exemplo e em seu legado na luta por justiça.

Nossos sentimentos estão com o quilombo Pitanga dos Palmares, com suas amigas e amigos e com sua família, da qual fazemos parte como quilombolas. Sua ausência será profundamente sentida. Seu espírito inspirador, sua história de vida, suas palavras de guia continuarão a orientar as gerações futuras e a nós.

A família Conaq sente profundamente a morte de uma mulher tão sábia. Sua partida prematura é uma perda irreparável não só para a comunidade quilombola como para todo o movimento de defesa dos direitos humanos.

Insidiosamente assassinada, Mãe Bernadete era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos (Binho do Quilombo), liderança do Pitanga dos Palmares, também assassinado, há seis anos. O assassinato de Binho, como o de tantas outras lideranças quilombolas, continua sem resposta e sem justiça.

Junta-se à injustiça mais uma vítima da violência enfrentada por aqueles que ousam levantar suas vozes na defesa dos nossos direitos ancestrais.

Mãe Bernadete é uma luz brilhante na luta contra a discriminação, o racismo e a marginalização. Esse crime evidencia a crueldade das barreiras que são colocadas no caminho de quem luta.

Enquanto lamentamos a perda dessa corajosa liderança, devemos nos unir em solidariedade e determinação para manter o seu legado. Que sua memória inspire novas gerações a continuar a luta por um mundo onde todas as vozes sejam ouvidas, todas as culturas e religiões sejam respeitadas e todos os direitos sejam protegidos.

A Conaq exige que o Estado brasileiro tome medidas imediatas para proteger o quilombo Pitanga dos Palmares e seus moradores.

É dever do Estado garantir uma investigação célere e eficaz e a punição dos assassinos. É crucial que haja justiça, que a verdade seja conhecida.

Exigimos justiça para honrar a memória de nossa liderança perdida. Exigimos justiça para que possamos afirmar que, no Brasil, atos de violência contra quilombolas não serão tolerados.

+ sobre o tema

Toda pupila é branca

Em 2013, a Lei da Abolição completou 125...

Racismo Ambiental: Povos tradicionais resistem à injustiça

      A expropriação de territórios e ausência do poder público...

Promotor do DF defende curso de conscientização para condenados em crimes de racismo

A advogada Josefina Serra dos Santos disse ter sido...

Mulheres de Axé: caminhando pra resistir!

Desde 2008, uma modificação na lei brasileira considera crime...

para lembrar

Estudantes indígenas ganham residência no campus da Uefs

Local tem capacidade para abrigar 20 alunos.Obra é uma...

Mais uma chacina em São Paulo? Ah, mas foi na periferia!

Ao menos 18 pessoas foram mortas e sete feridas...

Redução da maioridade mostra incapacidade de proteção social

Reduzir a maioridade penal é reconhecer a incapacidade...

Participante do programa Mulheres Ricas Regina Manssur vê risco de aglomerações em shoppings “descambarem”

Após se declarar apavorada pela possibilidade dos rolezinhos representarem risco à...
spot_imgspot_img

Relatório da Anistia Internacional mostra violência policial no mundo

Violência policial, dificuldade da população em acessar direitos básicos, demora na demarcação de terras indígenas e na titulação de territórios quilombolas são alguns dos...

Aos 45 anos, ‘Cadernos Negros’ ainda é leitura obrigatória em meio à luta literária

Acabo de ler "Cadernos Negros: Poemas Afro-Brasileiros", volume 45, edição do coletivo Quilombhoje Literatura, publicação organizada com afinco pelos escritores Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. O número 45...

CCJ do Senado aprova projeto que amplia cotas raciais para concursos

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (24), por 16 votos a 10, o projeto de lei (PL) que prorroga por dez...
-+=