Famoso fotógrafo do movimento de direitos civis era informante do FBI, diz jornal

O famoso fotógrafo do movimento pelos direitos humanos Ernest Withers era um informante do FBI (polícia federal americana), revelou nesta semana o jornal americano “Commercial Appeal”. Withers foi um dos mais proeminentes personagens do movimento pelos direitos dos negros nos Estados Unidos. Ele morreu em 2007, aos 85 anos, e deve ganhar um museu em Memphis, no Tennessee, no próximo dia 15 de outubro.

Parte do movimento, Withers documentou a era da luta pelos direitos civis com acesso ilimitado a seus principais personagens e eventos, incluindo o ícone Martin Luther King. Ele estava ao lado do líder no dia anterior a sua morte e teve acesso ao quarto de hotel de King após sua morte.

Segundo o jornal, em grande reportagem publicada no domingo passado (12), ele não apenas documentava, como também passava informações sobre o movimento para o FBI, sob a identificação ME 338-R.

“Os relatos [do FBI] desenham Withers como um prolífico informante que, de 1968 a 1970, passou dicas e fotografias detalhando os bastidores da vida diária, política e negócios da comunidade negra de Memphis”, diz o “Commercial Appeal”, que afirma ter investigado as informações por dois anos.

Withers aparentemente se comunicava com dois agentes do FBI responsáveis por vigiar os nomes mais importantes do movimento pelos direitos dos negros de Memphis, passando informação que a agência usava para impedir os atos dos militantes e antecipar marchas. Foram suas informações, afirma o jornal, que ajudaram o FBI a conter os Invasores, um grupo militante ao estilo das Panteras Negras, temido até mesmo pelo governo da cidade de Memphis.

O fotógrafo teria passado ainda informações sobre encontros de Luther King com supostos militantes negros e até mesmo detalhes de seu funeral em Atlanta, como a presença de dois líderes da Conferência da Liderança Cristã do Sul que discutiam sua volta a Memphis para apoiar uma greve.

“Se isto for verdade, Ernie abusou de nossa amizade”, afirmou o reverendo James Lawson Jr., ministro aposentado que organizou protestos pró-direitos civis nos anos 60, citado pelo jornal “The New York Times”.

Outros, contudo, foram mais condescendentes. O ex-ativista de direitos civis Andrew Young afirmou ao jornal que todos sabiam que estavam sendo vigiados, “embora nós não desconfiássemos de Withers individualmente”.

Fonte: Folha

+ sobre o tema

Afro-Cubanos

O termo afro-cubano se refere a cubanos de ancestralidade...

‘As mulheres são criadas para achar que o casamento é muito importante’ diz Chimamanda Adichie

Escritora aclamada pela crítica internacional, a nigeriana pertence ao...

Bolsas para graduação no Brasil

Estudantes de 24 países africanos podem tentar uma vaga...

para lembrar

Apreensões sobre o racismo norte-americano

A pequena cidade de Ferguson, no Missouri (centro dos...

EUA retiram oficialmente Cuba de lista de patrocinadores de terrorismo

Cuba saiu oficialmente nesta sexta-feira da lista de países...

Estas 6 pessoas estão revolucionando a representatividade negra nos EUA

Em fevereiro, o HuffPost Black Voices mostrou homens e...

Teste de DNA inocenta homem que passou 30 anos na cadeia nos EUA

Cornelius Dupree Jr., 51, era acusado de estupro e...
spot_imgspot_img

Um Silva do Brasil e das Áfricas: Alberto da Costa e Silva

Durante muito tempo o continente africano foi visto como um vasto território sem história, aquela com H maiúsculo. Ninguém menos do que Hegel afirmou, ainda no...

‘Fui um menino negro criado por avós supremacistas brancos que me ensinaram a saudação nazista’

Shane McCrae é um consagrado poeta norte-americano. Ele foi premiado diversas vezes, publicou uma dezena de livros e é professor de redação criativa da...

Artista afro-cubana recria arte Renascentista com negros como figuras principais

Consideremos as famosas pinturas “A Criação de Adão” de Michelangelo, “O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli ou “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci. Quando...
-+=