Histórico voo comandado por mulheres pousa na Arábia Saudita, onde elas são impedidas de dirigir

Um Boeing 787 da Royal Brunei Airlines fez história quando aterrissou na Arábia Saudita com um tripulação exclusivamente feminina. Algo extremamente simbólico, já que no país árabe mulheres são impedidas de dirigir, o que dirá pilotar aviões.

Do BBC

O uso de três mulheres no comando da aeronave no voo entre o minúsculo Estado asiático localizado na ilha de Bornéu, e Jedá, uma das maiores cidades sauditas, fez parte das celebração anual da independência de Brunei do Reino Unido, em 1984. E a comandante do voo BI 081, a capitã Sharifah Czarena Surainy, é ainda mais pioneira do que se imagina: em 2013, ela se tornou a primeira mulher no posto em uma companhia do Sudeste Asiático.

No voo para Jedá, Sharifah teve a companhia das co-pilotos Nadiah Pg Khashiem e Sariana Nordin. Czarena fez seu treinamento no Reino Unido e, em dezembro de 2013, tornou-se o primeiro piloto da Royal Air Brunei a voar de Londres a bordo do 787.

Restrições

“As pessoas normalmente veem o mundo dos pilotos como dominado pelos homens. Mas estamos mostrando às novas gerações de meninas que elas podem realizar seus sonhos”, disse a capitã ao jornal Brunei Times, em 2012.

A Royal Brunei Airlines tem como missão aumentar a participação feminina em sua força de trabalho, inclusive oferecendo vagas em seus programas de engenharia aeroespacial. O país, que tem o Islã como religião oficial, fica próximo à Malásia e, embora seja considerado desenvolvido em padrões econômicos, não é uma democracia. Conta com um sultão e a última eleição parlamentar foi realizada em 1962.

Mas a legislação oferece proteção de gênero bem maior do que em outros países muçulmanos. Brunei está em 88º lugar no ranking de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial, apenas três posições atrás do Brasil. A Arábia Saudita aparece em 134º lugar entre 145 nações.

A Arábia Saudita é o único país do mundo que impede mulheres de dirigir. Embora não exista uma proibição legal, o sistema se encarrega da discriminação: apenas homens recebem carteira de motorista e mulheres que dirigem correm o risco de ser multadas e presas. Nos últimos anos, mulheres sauditas fizeram uma série de manifestações – inclusive com o uso de mídias sociais – pedindo o fim das restrições.

Mas mulheres sauditas enfrentam ainda outros impedimentos: foi apenas no ano passado, por exemplo, que puderam votar pela primeira vez, e ainda assim em eleições municipais. Um total de 978 mulheres se registrou como candidata, enquanto houve 5.938 homens. Elas só podiam fazer campanha atrás de um biombo ou se fossem representadas por um homem.

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