O Geledés – Instituto da Mulher Negra realizou nesta quarta-feira (17) evento paralelo ao Fórum Permanente de Pessoas Afrodescendentes que acontece na sede das Nações Unidas na Suíça.
Foram abordadas questões relacionadas à (in)visibilidade de gênero e raça, à pobreza intergeracional e aos instrumentos de empoderamento econômico e os respectivos desafios enfrentados pela população negra.
Para Gabriel Dantas, advogado e representante de Geledés, o debate sobre justiça econômica é fundamental para a comunidade afrodescendente. “Não podemos ignorar o papel crucial que a estrutura financeira internacional, especialmente os bancos multilaterais de desenvolvimento, desempenha na promoção da emancipação econômica dessa população.”
Neste desafio, o instituto considera ser necessário debater o papel dos principais atores da arquitetura financeira internacional, como os bancos multilaterais de desenvolvimento, que desempenham papel fundamental na agenda de desenvolvimento socioeconômico.
Questiona também o setor privado no financiamento de investimentos que gerem resultados positivos e tenham retorno social superior ao retorno privado. Considera, inclusive, que os bancos preencham lacunas de financiamento em setores que não são adequadamente servidos pelo mercado privado.
Segundo os organizadores, é urgente a dissociação de uma perspectiva empreendedora, que ‘muitas vezes se traduz em um mercado de trabalho precário, ignorando-se a realidade da população afrodescendente, especialmente a das mulheres afrodescendentes.’
Para Sueli Carneiro, diretora e fundadora da organização, para iniciar um círculo virtuoso de promoção da mobilidade social das populações afrodescendentes no Brasil, que sustente um processo de reparação histórica, é necessário um programa de desenvolvimento econômico para a população negra, com metas de curto, médio e longo prazos.
“Requer ainda o estabelecimento de um número crescente de empresas lideradas por afrodescendentes, que permita aceder à economia formal, ao crédito e ao crescimento e empregar trabalhadores. E o estado brasileiro deve comprometer-se a implementar e apoiar políticas corporativas baseadas nos princípios de diversidade e inclusão de gênero e raça”, afirma Carneiro.