Apresentações e discussões fazem parte da programação, que começou nesta terça-feira
Por: Dagmara Spautz
Pinceladas no rosto fizeram surgir aos poucos um pedaço da cultura africana entre os alunos da Escola Municipal João Duarte, de Itajaí, terça-feira à tarde. O grupo, caracterizado como antigas tribos da África, foi uma das atrações da Kizomba, evento que abriu as comemorações do mês da Cultura e Consciência Negra na cidade.
A apresentação, que contou com números de dança e poesia, ocorreu na Escola Básica Professora Edy Vieira Wendhausen Rothbarth, no Bairro Salseiros, e reuniu crianças de toda a rede municipal de ensino de Itajaí.
Durante todo o mês, a cidade será palco de festas, atividades artísticas e discussões que remetem à cultura negra e afro-brasileira. As kizombas também seguirão nas escolas municipais até 23 de novembro.
– Trazendo esta discussão para a escola, a desigualdade começa a diminuir. É importante entender que o outro também é bonito, acabar com a discriminação – diz a professora Graça Maria da Cruz Fontes, 44 anos, que ensaiou as crianças do colégio João Duarte.
A escolha da data para celebrar a cultura africana faz referência a Zumbi dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695, que representou a luta do negro contra a escravidão no período colonial. Em Itajaí, a história da comunidade negra também remete à época dos escravos.
Coube a um deles – Simeão, escravo de Agostinho Alves Ramos – a construção da igreja da Imaculada Conceição.
– A igreja teve um acréscimo nas laterais e nas torres no Século 19. Mas a parte central ainda é a mesma construída por Simeão – diz o historiador Edison d’Ávila, secretário de Educação de Itajaí.
O escravo ficou tão conhecido, que hoje dá nome ao principal prêmio concedido pela valorização do negro na cidade.
Trabalho no porto
Ainda segundo d’Ávila, coube também aos escravos e descendentes papel fundamental nos primórdios do Porto de Itajaí. Desde a extração de madeira – que substituiu a pesca de baleias na Armação do Itapocorói como principal atividade econômica da região – até a organização da Sociedade Beneficente 15 de Novembro, primeira organização de trabalhadores portuários de Itajaí.
– Por muito tempo a comunidade negra sofreu com a segregação em Itajaí. Mas o fato de haver um movimento organizado, lideranças com formação e consciência de seus direitos, fez com que a cultura se tornasse tão forte na cidade – avalia d’Ávila.
Fonte: O Sol Diário