A montadora americana Joi McMillon tornou-se nesta terça-feira (24) a primeira mulher negra a ser indicada ao Oscar de edição. McMillon disputa o troféu ao lado de Nat Sanders pelo trabalho em Moonlight: Sob a Luz do Luar, dirigido por Barry Jenkins.
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Foto: COURTESY OF JOI MCMILLON
McMillon estudou cinema na Flórida com Sanders e Jenkins, e os três colaboraram em diferentes projetos de curta-metragem. Enquanto Sanders conseguiu fazer a passagem para a edição de longas, McMillon teve mais dificuldade e trabalhou principalmente como assistente de edição em programas de TV. Em entrevista ao site IndieWire, Sanders contou ter recomendado McMillon para alguns trabalhos, e ouvido que a falta de experiência em longas era um problema. “Várias vezes me disseram que tinham gostado muito dela, mas que parecia arriscado [contratá-la]”, disse o editor. Na mesma entrevista, McMillon afirmou: “O mundo do longa-metragem é dominado por homens, o que faz com que seja bem mais difícil [para uma mulher]”.
Para finalmente chegar onde queria, McMillon assumiu uma posição considerada mais baixa do que a que exercia até então: trabalhou como aprendiz da montadora Terilyn A. Shropshire no longa Fale Comigo (2007). Nesse projeto, conviveu de perto com outra mulher negra na mesma profissão.
“Talento e oportunidade nem sempre seguem o mesmo cronograma”, disse Shropshire à IndieWire. “Joi estava fazendo o que tinha de fazer: trabalhando em sua obra, refinando suas habilidades e provando ser uma talentosa contadora de histórias e colaboradora para os cineastas que lhe dão uma oportunidade.”
Depois de mais trabalhos em curtas, no documentário The Other Side of Silence (2012) e nas séries Anne & Jake e Girls, McMillon teve em Moonlight sua primeira chance de editar um longa-metragem de ficção. O segundo já chegou: Lemon, de Janicza Bravo, que entrou na programação do Festival de Sundance.