Jundiaiense denuncia contratação da Magazine Luiza por discriminação racial

O programa de contratação trainee exclusivo para negros da rede varejista Magazine Luiza foi alvo de um boletim de ocorrência por “discriminação racial” de um servidor público jundiaiense de 50 anos de idade.

No boletim de ocorrência registrado pela internet na última segunda-feira (21), ao 7º Distrito Policial, o cidadão pede para a corporação investigar o programa de trainee da empresa, que na alegação dele “visa contratar novos funcionários através de critérios raciais, que fere a Constituição da República”.

MPT rejeita denúncias de racismo

O Ministério Público do Trabalho em São Paulo indeferiu nesta quinta-feira (24) uma série de denúncias recebidas contra o Magazine Luiza por suposta discriminação na decisão da empresa de selecionar apenas negros em seu próximo programa de trainees. Para o MPT, não houve violação trabalhista, mas sim uma ação afirmativa de reparação histórica.

Ao todo foram recebidas 11 denúncias em que a varejista é acusada de promover “prática de racismo”. Para o MPT, a política da empresa é legítima e não existe ato ilícito no processo de seleção, já que a reserva de vagas à população negra é plenamente válida e configura ação afirmativa, além de “elemento de reparação histórica da exclusão da população negra do mercado de trabalho digno”.

Aposta na diversidade

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o CEO da empresa, Frederico Trajano, compartilhou números que comprovam uma distorção racial identificado na empresa. Apesar de 53% dos funcionários da Magalu serem negros, apenas 16% dos líderes são negros. Em 15 anos de programas de trainees, de 250 formados, apenas 10 eram negros.

“Essa dificuldade de acesso tem sido um problema para uma companhia que acredita que a diversidade aumenta a competitividade, e queremos resolvê-lo”, disse Trajano.

Ações da Magazine Luiza sobem

Desde a última sexta-feira (18), quando a Magazine Luiza anunciou o lançamento de um programa de trainee exclusivo para pessoas negras, as ações da empresa negociadas na bolsa de valores de São Paulo passaram por uma leve valorização, de cerca de 2,6%. Os papéis, que eram negociados a R$ 87,16 na sexta, fecharam a terça-feira a R$ 89,48.

Para especialistas, o fator que tem aumentado em importância a empresa é a sua responsabilidade social. “Nesse sentido, o movimento da Magalu de tentar corrigir uma distorção racial identificada em seus quadros pode emitir um sinal positivo para o mercado, de que a liderança está alinhada às práticas mais modernas de gestão da atualidade.”

A marca mais admirada pelos consumidores

Em pesquisa recente, a Magazine Luiza também foi considerada pelo ranking Ibevar-Fia 2020 como a marca mais admirada pelos consumidores. Se destacando em duas das 17 categorias, a empresa também é para os colaboradores e equipes a marca mais admirada para se trabalhar.

Com todo esse sucesso potencial da maior rede varejista do Brasil, Luiza Helena Trajano, chegou ao 8º lugar no ranking de bilionários brasileiros da revista Forbes. Dessa forma, se tornou a empresária de torna a mulher mais rica do país. Além disso, Luiza também é a única mulher presente no top 10 da lista de 2020.

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