Macetando o apocalipse

Veio de Veveta, também conhecida como Ivete Sangalo, o mandamento definitivo da carnavália 2024: a gente maceta o apocalipse. Foi uma resposta relâmpago à doutrinadora Baby do Brasil, outrora conhecida como Baby Consuelo, a dona de um dos graves mais bonitos e poderosos da música brasileira.

Entenda o caso: numa troca de gentilezas comum entre artistas, Veveta, dona do hit kundalíneo, Macetando, convidou Baby do Brasil para saudar o público a partir de um camarote.  A TV adora esses encontros, pois as pessoas que acompanham as transmissões gostam dessas confraternizações carnavalescas, fixam-se nos aparelhos e a audiência cresce. São segundos preciosos para dar close nos patrocinadores. Baby aproveitou a oportunidade para pregar seus princípios religiosos fundamentalistas, como sempre faz. Ela entende que aquelas pessoas todas são potenciais ovelhas para o rebanho de acéfalos que ela, cheia de neurônios saudáveis e utilitaristas, lidera. Numa tirada que se pretendia humorada, ela exorta a massa “a procurar o senhor, enquanto é possível achá-lo”, porque estamos “entrando em arrebatamento e o apocalipse acontecerá entre cinco e dez anos”.

Abusando da gentileza de Ivete, Baby encerrou o discurso solicitando Pequena Eva, na voz da anfitriã, no intuito nítido e planejado de obter reforço à sua exortação por meio de uma letra que convoca os ouvintes a entrarem na última astronave que voa além do infinito e chama para o transe mítico da salvação eterna. Ivete sagaz, a dona da porra toda, driblou a Pequena Eva e estimulou todo mundo a macetar o apocalipse, porque Deus estava mandando a galera macetar e porque Deus era maior do qualquer mandamento, qualquer premonição.

E os anais da história sideral carnavalesca registraram o dia que, sob o comando de Ivete Sangalo, a turma da bagaceira macetou o apocalipse das almas sebosas. Me deem licença que o carnaval acabou, mas depois dessa, mando “um beijinho pra quem tá filmando” e vou tomar um tacacá, dançar, curtir, ficar de boa…

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