A ida de um adolescente negro, de 13 anos, na terça-feira da semana passada, ao Marina Clube, na Barra, terminou com uma queixa por discriminação na 16ª DP (Barra), que vai apurar a denúncia de racismo. Não foram palavras, mas a maneira de interpelar o garoto que levaram a mãe dele a registrar a ocorrência. Empresária do ramo hoteleiro, Gracielle Mariano conta que o filho foi levado ao clube pelo motorista da família para uma aula de natação. Antes de ir embora, ele parou para assistir a uma partida de tênis. Quando entrou na quadra ao lado para pegar uma bolinha, teria sido abordado grosseiramente por um vigilante do clube, que o segurou pelo braço. Para Gracielle, só há uma explicação: preconceito racial.
— Meu filho foi julgado pela cor, pelo cabelo crespo e por não estar vestido como os meninos que estavam tendo aulas de tênis. O segurança puxou-o pelo braço. Ele estava sendo levado em direção à portaria, quando nosso motorista se aproximou e perguntou o que estava acontecendo. Meu filho chegou a dizer que não iria sair do clube. Daí, ele e o motorista foram para a diretoria e continuaram a ser tratados de maneira rude — diz Gracielle, que pretende processar o clube.
Por volta das 16h, o advogado da família, Rosemberg Ferrão, chegou ao local. Logo depois, chegaram a mãe e uma tia do adolescente. Gracielle conta que o filho chorou ao vê-la. De lá, depois de uma conversa com representantes do clube, ela, o advogado e o jovem seguiram para a delegacia.
— Meu filho é sempre o único negro do clube, da escola, do curso de inglês. Mas nunca tínhamos passado por uma situação assim. Não vou impedir que ele volte ao Marina depois de tudo o que aconteceu. Senão, ele vai entender que estava errado — afirma Gracielle.
Clube nega preconceito racial
Presidente do Marina Barra Clube, Philipe Lantos reconhece que a abordagem do segurança foi inadequada. No entanto, diz que não houve preconceito racial:
— O menino entrou de skate numa quadra de tênis e foi chamado a atenção pelo segurança. Em apenas um momento, o funcionário segurou o braço dele. O segurança, que trabalha aqui há 16 anos, foi advertido, punido formalmente. Mas não houve agressão nem verbal e nem física.
Lantos diz que ofereceu à família do adolescente a possibilidade de diálogo com o funcionário, com um pedido de desculpas. Gracielle recusou.
— A mãe optou por uma queixa. Preferíamos solucionar o caso com uma conversa, mas é um direito que ela tem e não nos cabe julgar. O Marina sempre foi um clube tranquilo. Nunca tivemos nenhuma questão envolvendo o uniforme para babás, por exemplo. Não temos essa característica — diz Lantos.
Depois que um de seus filhos foi expulso de uma concessionária na Barra, Priscilla Celeste e seu marido, Ronald Munk, lançaram pelo Facebook a página “Preconceito racial não é mal-entendido”. O casal, que é branco, alega que o gerente da loja tentou expulsar a criança, que é negra. O caso ocorreu em janeiro. A concessionária diz que houve um mal-entendido.
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Fonte: Globo