Mãe diz que coordenador de escola pediu para ela ‘dar um jeito’ no cabelo da filha

Em uma publicação na internet, a mãe de uma aluna da rede municipal de Cuiabá diz que foi aconselhada pelo coordenador da escola para “dar um jeito” no cabelo da filha. A menina, de 11 anos, segundo a mãe, Nayara Oliveira, tem sofrido bullying das colegas de classe por ter o cabelo crespo. A “sugestão” teria sido dada durante um telefonema do coordenador para a mãe, depois que a menina pediu para ir embora da escola.

no G1

Para Nayara, a situação vivida pela filha é racismo. “Todas as brincadeiras de mal gosto que fazem com ela sempre tem a ver com as características negras dela. Minha filha não aguenta mais tanto racismo e preconceito”, declarou.

 (Foto: Facebook/Reprodução)

Ao G1, Carlindo Rodrigues, coordenador da Escola Municipal Constância Figueiredo Palma Bem Bem, alegou que não orientou a mãe a ajeitar o cabelo da filha e que houve apenas um aconselhamento para melhorar a auto-estima da menina.

No post, Nayara relata que o coordenador sugeriu que ela “desse um jeitinho” no cabelo da filha como forma de evitar os contrangimentos e brincadeiras de mal gosto.

“Ele [coordenador] disse que ela já estava mocinha e era melhor fazer um penteado, levar no salão e dar um jeito. Fiquei muito indignada e consternada. Não vou alisar e nem mudar o cabelo da minha filha para que ela seja aceita pelas outras meninas”, declarou.

O coordenador negou que tenha dado a orientação para a mãe. “A aluna está passando por uma situação de constrangimento na sala de aula, por causa do cabelo. A conversa informal com a mãe foi para melhorar a auto-estima da menina”, afirmou o coordenador Carlindo Rodrigues.

A unidade afirmou que inseriu projetos no currículo obrigatório dos alunos para combater o bullying e orientá-los a respeitar as diferenças.

Além da sugestão, o coordenador da escola, segundo a mãe, teria dispensado a menina da última semana de aula antes das férias para evitar os apelidos e o sofrimento da criança.

De acordo com a mãe, o problema é recorrente e a filha sempre chega em casa chorando. “Ela [a filha] não quer mais ir para a escola por causa do bullying e já estava faltando às aulas”, disse.

“Que tipo de profissional é esse que ao invés de lutar contra o bullying sugere que eu adapte minha pequena às aparências de outras crianças, porque meia dúzia de crianças mal orientadas não têm capacidade de lidar com as diferenças”, diz o trecho final da publicação.

A mãe da aluna afirmou que está em trativas com um advogado e deve acionar a escola na Justiça.

+ sobre o tema

ONU acusa Trump de racismo

“Francamente alarmada” com as declarações do Presidente norte-americano. É...

Policiais investigados por torturar jovens são soltos

Eles tiveram partes dos braços, das pernas, do rosto...

Massacre encoberto

(Artigo do Secretário Maurício Pestana publicado originalmente no Jornal...

para lembrar

Mapa da Violência 2014 – Os Jovens do Brasil

Em 2012, 112.709 pessoas morreram em situações de violência...

Mulher acusa proprietário de casa lotérica de racismo

O proprietário de uma casa lotérica, localizado no...

Rodrigo Maia decide recolocar na Câmara placa contra racismo arrancada por deputado

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu recolocar...

Mulher diz ter sofrido parto prematuro após ser detida por engano

Bruna Alves Ferreira, 23, mora com o marido e...
spot_imgspot_img

Número de pessoas mortas pela PM paulista cresceu 138% no 1º trimestre

Dados divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo mostram que o número de pessoas mortas por policiais militares em serviço no...

Livro continua a ser o melhor investimento de uma pessoa

Em janeiro de 2017, o mundo já era bastante confuso e acelerado. Mal sabíamos o que o futuro nos reservava. Parece até que estou falando...

Seu antirracismo é de fachada?

"Eu não tive a intenção, agora entendo que minhas atitudes são consequências do racismo estrutural." Não foram exatamente essas as palavras que uma cantora branca de sucesso...
-+=