Major da PM de SP diz que denúncias sobre abusos de policiais são “só hipóteses”

Em entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (30) na sede da corregedoria da Policia Militar do Estado de São Paulo, o major Marcelo Nagy preferiu não passar detalhes das investigações sobre a possível participação de homens da corporação no crime denunciado na noite de ontem (29) pela mãe de um rapaz, de 22 anos, que foi agredido e baleado. A outra vítima, um jovem de 16, afirmou que os dois tinham sido detidos e espancados por três policiais na última segunda-feira (26).

Segundo o major, até o momento existem somente notícias e “hipóteses” da participação de policiais, sem nenhuma comprovação concreta. Por isso, disse ele, os policiais que estariam na viatura apontada pelas testemunhas como participante da ocorrência continua nas ruas. A corregedoria da PM não confirmou nem se a placa do carro denunciado pelas testemunhas já foi checada no registro de carros do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

“Isso ainda vai ser verificado”, afirmou o major, alegando que todo o cuidado na divulgação de informações é necessário para que inocentes não sejam envolvidos na questão .”Não queremos polemizar, nada é mais importante do que apurar a denúncia. Existe interesse total na investigação”.

Nagy minimizou o fato de que a testemunha que está hospitalizada ainda não obteve acesso às fotos internas da PM com o retrato dos homens da corporação, visualização que poderia ser importante para adiantar a identificação dos suspeitos. Alegando “um rito previsto no código” que normaliza as investigações da corregedoria, ele afirmou que cabe aos agentes da Polícia Civil ir até a corregedoria para organizar a investigação. “A corregedoria foi colocada à serviço do delegado, temos regras que precisam ser observadas”, disse.

Segundo o major, existe um prazo de 40 dias para a conclusão do inquérito policial militar. “Nosso interesse não é o imediatismo, temos de ter critério nas investigações”.

O crime
No dia seguinte, o rapaz de 22 anos voltou a ser agredido dentro de uma lan house, localizada no bairro Parque Edu Chávez, na zona norte de São Paulo. Testemunhas afirmaram que ele foi espancado e baleado três vezes por quatro homens, que fugiram a pé. Os suspeitos chegaram a ser detidos por PMs de uma base próxima ao local do crime, mas foram liberados após se identificarem como policiais.

O rapaz baleado foi encaminhado para o Hospital São Luiz Gonzaga, onde afirmou que os autores das agressões eram policiais militares. A Corregedoria esteve no local, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

Outro caso
Nesta semana, a Justiça Militar decretou a prisão temporária de 12 policiais militares acusados de participarem da tortura e morte do motoboy Eduardo Luiz Pinheiro dos Santos, 30, no último dia 9, também na zona norte de São Paulo.

Eles são acusados de homicídio, formação de grupo para prática de violência no quartel da PM e prevaricação, já que alguns dos policiais não participarem diretamente da agressão, mas também não impediram o crime.

A vítima morreu após ser espancada. Horas antes, ele havia sido detido com outras três pessoas pelos policiais que foram atender uma ocorrência de furto de bicicleta na esquina da rua Maria Curupaiti com a avenida Casa Verde (zona norte de SP). Segundo a corregedoria da PM, os suspeitos foram levados para o batalhão da PM ao invés de irem para a delegacia.

No mesmo dia, por volta da meia-noite, a vítima foi encontrada caída no chão por outros policiais na esquina da rua Voluntários da Pátria com a avenida Brás Leme, zona norte. O homem foi levado a um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.

3.218 inquéritos policiais no ano
É envolta nessa onda de polêmicas que a Polícia Militar (PM) de São Paulo divulgou um balanço que aponta que no último ano foram registrados 3.218 inquéritos policiais militares para investigar condutas suspeitas de membros da corporação.

O levantamento, fornecido pela corregedoria da própria PM, foi tabulado com base nos casos registrados entre 15 de abril de 2009 e 15 de abril deste ano. No total, como aponta a análise, foram 155 PMs demitidos e 156 expulsos, estes últimos sem possibilidade de prestar novo concurso público para qualquer função no Estado.

Além disso, foram 20 afastamentos pela chamada “reforma administrativa”, quando o policial condenado alega incapacidade mental e se aposenta recebendo parte dos vencimentos da aposentadoria.

Entre expulsos e demitidos, 296 procedimentos foram contra praças (de soldado a sub-tenente) e outros 15 foram contra oficiais de maior patente.

O levantamento da polícia não especifica que tipo de irregularidade aconteceu em cada caso.
Fonte: UOL

+ sobre o tema

Mulheres com endometriose têm 20% mais risco de infarto ou AVC, aponta pesquisa

A endometriose é uma doença que afeta uma em cada dez...

Anemia falciforme é problema cada vez mais grave, diz especialista

Por Fábio de Castro Doença hereditária que causa malformação das...

FSM: Senador Paulo Paim abre a jornada de programação do FSM em Canoas

O programa Cantando as Diferenças Sociais, Culturais e Individuais...

Primeiro Dicionário de Políticas Públicas no Brasil pode ser acessado pela internet

Capital social, Estado de Direito, Gestor Público,  Esfera Pública...Como...

para lembrar

Como apagão de dados sobre vacinação no Brasil traz de volta ameaça de doenças já controladas

Não há dúvidas entre os profissionais de saúde e...

APAN lança escola de audiovisual negro em parceria com entidade colombiana

A Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), em...

Tese: DESIGUALDADES SOCIAIS em saúde medindo a experiência de discriminação auto-relatada

  1. Resumo Desde meados do século XX, as desigualdades sociais...

Anemia falciforme: 1º paciente no mundo inicia terapia genética contra a doença

Na quarta-feira, Kendric Cromer, um menino de 12 anos...
spot_imgspot_img

Mais de 335 mil pessoas vivem em situação de rua no Brasil

O número de pessoas vivendo em situação de rua em todo o Brasil registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal,...

Geledés participou do Fórum dos Países da América Latina e Caribe

A urgência da justiça racial como elemento central da Agenda 2030 e do Pacto para o Futuro, em um ano especialmente estratégico para a...

Na ONU, Anielle Franco diz que reparação pela escravidão é ‘inegociável’

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defendeu na ONU, nesta segunda-feira, a ideia de uma reparação diante dos crimes contra a humanidade cometidos...
-+=