Carlos Dafé, Hyldon e Bootsy Collins valorizam apresentação calcada no soul e no funk pré-batidão.
Por Mauro Ferreira, Do G1
Voz decisiva do rap do Brasil, como cantor do grupo Racionais MC’s, Mano Brown mostrou que o hip hop descende do soul e do funk pré-batidão ao lançar em dezembro de 2016 o primeiro álbum solo, Boogie Naipe, voltado para estes gêneros.
O groove desse disco deu o tom do show apresentado pelo cantor e compositor paulistano no Rock in Rio 2019 na noite de sexta-feira, 27 de setembro, dentro da programação black do primeiro dia do Palco Sunset.
Com big-band batizada com o nome do álbum, Brown fez show sem o clima frenético do rap e do funk da atualidade, só que com suingue e climas refinados. O rap marcou presença, entranhado no arranjo de músicas como Gangsta boogie. Mas quem imperou foi mesmo o soul.
As participações luxuosas de Carlos Dafé (em Nova Jerusalém, música que este já lendário sambista-soul brasileiro gravou com Brown no disco Boogie Naipe) e Hyldon (em Foi num baile black, parceria do soulman baiano com o rapper paulistano) valorizaram o show pelas simples presenças desses dois artistas importantes na construção da identidade black da música do Brasil ao longo dos anos 1970.
Com músicas como Flor do gueto e músicos como Max de Castro na guitarra, Mano Brown comandou o baile com classe no festival, recebendo também o baixista norte-americano Bootsy Collins. O músico frustrou expectativas por não tocar baixo, mas deu voz a composições como Mothership connection (George Clinton, Bootsy Collins, Bernie Worrell, 1975), da banda norte-americana de funk Parliament, agregando ainda mais valor ao show de Mano Brown no Rock in Rio 2019.