Foi a uma manifestação contra o racismo, mas fez um comício contra a imigração. A dirigente da Frente Nacional (a extrema-direita francesa), Marine Le Pen, aceitou participar, nesta segunda-feira, numa manifestação na ilha italiana de Lampedusa, para onde estão a fluir milhares de clandestinos do Norte de África.
Foi convidada pela associação Askavusa, que tem prestado auxílio à massa de refugiados dos países árabes onde decorrem revoltas contra os regimes totalitários, sobretudo da Tunísia, que ali têm chegado. Mas o que disse foi que “a Europa não os pode acolher”, uma mensagem que contraria, e muito, as posições da Askavusa, que, segundo a AFP, conseguiu juntar cem pessoas no centro de Lampedusa.
“Tenho muita compaixão por vocês. Mas não vos podemos acolher, não temos meios financeiros” — disse a dirigente e deputada europeia. “A Europa não é a solução”.
A presença de Le Pen foi justificada como uma forma de chamar a atenção para o fluxo de estrangeiros em busca de destinos europeus e, de facto, mobilizaram-se para cobrir a visita dezenas de jornalistas de muitos países. O que ela disse foi que se corre o risco de, em breve, os clandestinos de Lampedusa, agora alguns milhares, se tornarem em “centenas de milhares”.
Palavras de ordem
Marine Le Pen está a ganhar terreno em França com as suas posições sobre os imigrantes magrebinos. Filha e herdeira de Jean-Marie Le Pen, Marine defendeu que as forças navais dos vários países europeus com costa mediterrânica devem organizar-se para que estes clandestinos não cheguem a desembarcar.
Mas como a manifestação era contra o racismo implícito em muitas das políticas sobre imigração, o que a deputada europeia francesa ouviu como resposta foram palavras de ordem: “Solidariedade para com os clandestinos”, “Fora com os racistas”, “O mundo é colorido” e “Liberdade-Igualdade-Fraternidade também para os clandestinos”.
Desde a revolta na Tunísia que levou à queda de Ben Ali chegaram a esta ilha a sul da Sicília (Itália) dez mil pessoas, o dobro dos clandestinos que chegaram a Itália durante todo o ano passado, segundo o Ministério do Interior de Roma, que chegou a pedir apoios extraordinários à União Europeia.
Fonte: Público.pt