“Meu coração, não sei por que; Bate feliz quando te vê”: 2017 um século de Carinhoso

“Meu coração, não sei por que; Bate feliz quando te vê”. Quem nunca escutou ou cantarolou esse verso? Não há um brasileiro que não reconheça a música, regravada centenas de vezes e utilizada até para embalar campanhas publicitárias para os mais diversos públicos.

por Mariza Sorriso* no Sopa Cultural

A letra faz parte da canção “Carinhoso” de Pixinguinha, uma das obras mais importantes da música popular brasileira e a mais tocada de todos os tempos. A melodia foi composta em 1917 e recebeu letra de João de Barro em 1928 e somente em 1937 ficou conhecida do grande público após a gravação por Orlando Silva.

Carinhoso conseguiu alcançar grandes feitos, como, por exemplo reforçar as raízes brasileiras na música. Pixinguinha foi flautista profissional desde cedo, aos 14 anos. Com a célebre canção conseguiu reafirma a identidade do choro, baseada na formação flauta-violão-cavaquinho, um gênero que surgiu no Rio de Janeiro em 1870, formado pela mistura de ritmos europeus com afro-brasileiros.

Pixinguinha teria deixado “Carinhoso” no anonimato por mais de uma década por ter sido muito criticado à época. Segundo a crítica, suas composições recebiam influência do jazz, o que era inaceitável. Por conta disso, ocultou essa grande pérola para seguir os padrões impostos na época.

Depois de Carinhoso, Pixinguinha abrilhantou o cenário cultural com outras melodias, como a valsa “Rosa” e os choros “Lamentos” (1928), “Um a zero” (1949, com Benedito Lacerda), “Vou vivendo” (1946, com Benedito Lacerda), “Naquele tempo” (1934) e “Ingênuo” (1947, com Benedito Lacerda).

Apesar de tudo, o estilo derrubou barreiras e se tornou um grande ícone da musicalidade brasileira. Atualmente, as mesmas composições, antes criticadas, tornaram-se clássicos respeitáveis e podem ser vistas como muito avançadas para o início do século.


(*) Mariza Sorriso é cantora, poeta, e dinamizadora cultural. Nasceu em Petrópolis/RJ e reside no Rio de Janeiro há 30 anos. Apresenta o show a “SORRIR – 100 Anos de Samba” que conta com “Carinhoso” no repertório. Tem quatro livros publicados.  É a mentora do Encontro de Poetas da Língua Portuguesa, cuja IV edição acontecerá em set/17 no Rio-BR, Lisboa-Pt e Maputo-MZ.  

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