Morte de artista circense Julieta Hernández põe em discussão os direitos da mulher viajante; veja outros casos de violência

Enviado por / FontePor Fantástico, no g1

A Jussara Botelho criou uma plataforma para conectar e orientar essas mulheres.

O Fantástico deste domingo (14) mostrou como a morte de artista circense Julieta Hernández reacendeu a discussão sobre os direitos da mulher. Jussara Botelho criou uma plataforma para conectar e orientar mulheres viajantes.

“A viagem solo na vida de uma mulher é muito transformadora. Você vê que você pode, que você tem autonomia, que o mundo é bom, você tem boas conexões, e essa morte eu vejo como um reflexo da cultura violenta com a mulher, não com a mulher viajante”, diz a empresária.

Artista e cicloviajante da Venezuela, Julieta Hernández, desapareceu enquanto pedalava pelo interior do Amazonas. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

‘Símbolo de resistência’, diz viajante brasileira assediada por um policial da fronteira

A meta da Nataly Castro é conhecer sozinha todos os países do mundo. Ela conta que já visitou 180. Só faltam 23.

“A questão não é viajar sozinha, acompanhada ou desacompanhada. A questão é ser mulher. Nós mulheres também lidamos com a questão do machismo e também sendo uma mulher negra, então além do machismo e de todas essas situações na estrada também tem o racismo”, relata Nataly.

Num dos momentos mais assustadores, ela foi assediada por um policial de fronteira.

“‘Eu tenho aqui seus dados, seu whatsapp, suas informações e eu posso ir atrás de você, porque você é uma pessoa que faz o meu perfil’. Então, imagina você estar dentro de uma sala, com uma autoridade e a pessoa simplesmente fazer esse interrogatório e no final sugerir que eu me casasse com ele”, conta.

“Eu tive que mudar minha rota, viajar oito horas para pegar outra fronteira para tentar escapar, desviar […] Ser mulher viajando sozinha é um símbolo de resistência, de resiliência. Nós acabamos quebrando padrões. Quanto mais mulheres tiverem fazendo isso mais a gente vai inspirar outras mulheres e quem sabe levantar uma rede de apoio para que haja incentivo e o principal: segurança”, completa Nataly.

No Ceará, mulher foi vítima de violência por um homem que invadiu o sítio onde ela estava viajando

Aline e Alessandra viajavam juntas quando foram vítimas de violência no final do ano passado. Elas estavam em um sítio na cidade de Cruz, no Ceará.

“Me senti totalmente segura. Com os cachorros, tinha o caseiro com a família, vizinhos que estavam com as casas lotadas, não tinha por que achar que ali era um lugar inseguro”, relata a enfermeira, Alessandra Souza.

Mas um homem invadiu o local.

“Invadiu o meu quarto, me tirou de dentro de casa, me levou pro fundo do quintal do sítio, próximo da lagoa, e cometeu o ato da agressão sexual”, relata a vítima.

A Secretaria de Segurança Pública do Ceará disse que está em busca de um suspeito já identificado.

“Eu estou dilacerada, psicologicamente extremamente abalada, me sentindo insegura na minha própria casa”.

“A gente tem direito de ir para um sítio e ficar em paz. Eu não quero ter um homem do meu lado pra validar minha segurança e minha existência. Eu quero ser uma pessoa sozinha e gostaria que isso pudesse ser respeitado. E para as pessoas que não estão passando ela violência, que elas sejam mais empáticas, porque muitas mulheres não fazem a notificação porque elas têm medo de serem julgadas, elas têm medo de passar vergonha. Quantas Julietas mais a gente vai esperar?”, diz a produtora cultural Aline de Moraes.

Julieta deixa um legado de luta pelo direito de existir e de ser livre. Os amigos que fez pelo caminho seguem, com coragem, a mesma missão.

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