Mulheres e negros são barrados em cargos de diretoria de grandes empresas, diz estudo

Apenas seis mulheres negras são executivas das 500 maiores companhias brasileiras. Cultura corporativa e falta de ações afirmativas são explicação para ausência desses segmentos da população nos cargos mais altos das companhias, diz Ethos

São Paulo – As mulheres e os negros têm poucos representantes nos altos cargos executivos das principais empresas brasileiras, constata pesquisa do Instituto Ethos/Ibope. O estudo conclui que os dois grupos estão sub-representados, se considerada sua presença na população economicamente ativa (PEA). A situação da mulher negra é a que mais chama atenção. Entre 1.162 diretores, há somente seis negras ou pardas. O número representa 0,5% de mulheres negras no quadro executivo. As mulheres são 119 entre os executivos.

O levantamento ” Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas” está em sua quinta edição. A pesquisa é voluntária, e os questionários foram enviados as 500 maiores empresas segundo ranking do anuário “Melhores e Maiores 2009”, da revista Exame.

O objetivo da pesquisa é dar bases às corporações e ao poder público para combater a baixa presença de negros e mulheres nas empresas. “Esses estudos podem aproximar as empresas dos movimentos que estão acontecendo na sociedade. Queremos incentivar a criação de políticas afirmativas”, afirma o presidente do Ethos, Jorge Abrahão.

Somente 21% das corporações responderam, o que equivale a 109 empresas. Os dados de 105 foram utilizados para mapear a presença de pessoas negras e de mulheres nos diferentes níveis das empresas. Quatro participantes apresentaram dados díspares das demais e foram excluídas. No total, 623.960 trabalhadores foram contabilizados no universo da pesquisa. Metade das companhias tem faturamento de R$ 1 bilhão a R$ 3 bilhões.

De acordo com o coordenador do Ibope Inteligência, Hélio Gastaldi Filho, o fato de a pesquisa ser voluntária pode fazer com que os resultados sejam mais positivos que a realidade. “(Esse fato) não afeta tanto, as empresas podem ficar ligeiramente acima da média do mercado”, explicou.

A presença feminina em cargos executivos dessas empresas é de 13,7%, dois pontos percentuais a mais do que a constatada em 2007 (11,5%). Os índices de participação das mulheres em cargos de comando demonstram uma evolução positiva, em 2001 era de 6% e em 2010 de 13,7%, mas estão aquém de uma situação de real equidade entre os sexos.

Apesar disso, o percentual é baixo considerando-se que 43,6% da PEA é composta de mulheres, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) de 2009, do IBGE. As mulheres têm um número médio de anos de estudo superior ao dos homens (7,4, ante 7, respectivamente) e são maioria entre os brasileiros que atingiram pelo menos 11 anos de estudo.

A quantidade de negros em níveis hierárquicos mais elevados é de somente 5,3%, diz a pesquisa. Emr relação ao levantamento anterior, houve aumento de 1,8 pontos percentuais. O contingente de negros na população brasileira é de 51,1% – também segundo a PNAD – e 46,5% da população economicamente ativa – segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Ações afirmativas

Abrahão acredita que a desigualdade racial existente no universo corporativo resulta de uma questão cultural e da falta de ações afirmativas. O exemplo mais conhecido desse tipo de medida são as cotas, em que se determina uma parcela a ser preenchida por um segmento da população.

Segundo o estudo, 62% das empresas não têm nenhuma medida de incentivo à presença de mulheres em cargos de direção. Apenas 4% possuem ações nesse sentido planejada. O estímulo à participação dos negros tem um quadro ainda pior: 72% das empresas não tem nenhuma medida, enquanto apenas 3% têm metas específicas.

Fonte: Brasil Atual

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