O projeto foi elaborado pelo embaixador Alberto da Costa e Silva, consultor máster, e pelo grupo de trabalho interdisciplinar e transversal, sob a coordenação da presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa, e do qual participam igualmente a Fundação Cultural Palmares, o Instituto Brasileiro de Museus e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. “Parabéns. É um trabalho de fôlego que foi bastante complexo. A ideia é mostrar a história que não foi contada, mostrar a identidade do país, a dor e a escravidão. É resgatar a autoestima”, comentou a ministra Marta Suplicy.
No encontro, foi também decidido que a escolha da empresa de arquitetura responsável pela construção do MNMAfro será por concurso nacional. “Com seleção, será escolhido um escritório de ponta na área tecnológica”, afirmou Marta. “O concurso deverá ser elaborado e divulgado o mais rápido possível”, completou a ministra.
O Projeto
No campo arquitetônico-urbanístico-paisagístico, o MNMAfro deve constituir mais um marco na história da arquitetura de Brasília – cidade construída de acordo com os cânones modernistas, tombada pelo IPHAN, patrimônio da humanidade – e testemunhar a qualidade da arquitetura pública contemporânea.
O projeto arquitetônico deverá observar a escala urbana do terreno; valorizar a relação com o lago Paranoá; manifestar, de forma explícita, que a edificação se integra à arquitetura da cidade capital, valorizando, assim, o patrimônio já existente. O edifício deve atender aos princípios universais de sustentabilidade e acessibilidade, como: conforto térmico; eficiência energética e do uso da água; acesso fácil e não discriminatório para todos os usuários.
Dentre as hipóteses de implantação, volumetria e partido, devem ser considerados elementos arquitetônicos relacionados à cultura afro-brasileira.
A obediência às condições ambientais favoráveis à guarda, exposição e preservação de acervos deve nortear a fase inicial de definição de um projeto arquitetônico voltado para esse fim. Para isso, deve ser previsto o estabelecimento de um microclima, onde os níveis de temperatura, de umidade relativa do ar, de pureza do ar e de luminosidade possam ser controlados.
O projeto paisagístico deve reforçar o sentimento de pertença e autoestima, prevendo a criação de áreas de lazer e fruição. Especialistas em espécies vegetais devem orientar sobre a seleção e adaptação da flora de origem africana ao cerrado, observando a escala bucólica da área.
Sobre o MNMAfro:
O MNMAfro é o primeiro museu afro de abrangência efetivamente nacional A instituição será erguida em terreno localizado às margens do lago Paranoá , em Brasília, cuja pedra fundamental ali foi colocada por Nelson Mandela em sua visita ao Brasil em agosto de 1991. Além do caráter nacional e da transversalidade institucional.
Dando início aos trabalhos, a ministra Marta Suplicy realizou viagem oficial aos Estados Unidos em março de 2013, ocasião em que levou a cabo uma prospecção acerca das experiências norte-americanas, visando subsidiar a instalação do MNMAfro. Dentre outros, reuniu-se com a equipe que desenvolve o National Museum of African American History and Culture, e visitou o United States Holocaust Memorial Museum, o National Museum of African Arts/ Smithsonian Institute e o Schomburg Center.
O MNMAfro não estará voltado somente à guarda de coleções, mas registrará e preservará a memória, sendo instituição de fomento à pesquisa, à produção cultural, à produção de conhecimento e à educação. A instituição será dividida em quatro módulos expográficos: Da África entre os séculos XV e XIX, De Angolas, Congos e Moçambiques a Africanos: o tráfico de escravos para as Américas e Brasil Pós-Abolição.
A política de formação de acervo obedecerá à criteriosa prospecção de peças de museus públicos e privados, de coleções particulares, além de espaços de memória ainda não institucionalizados, o mesmo ocorrendo em relação ao patrimônio imaterial (danças, brincadeiras, tradição oral). Uma vez identificados e catalogados, tais acervos poderão ser incorporados ao MNMAfro mediante comodato, empréstimo ou doação. Serão igualmente trabalhados como parte do acervo operacional do Museu objetos do cotidiano, os quais, entretanto, permanecerão nos contextos de origem – terreiros, comunidades quilombolas etc. –, mantendo suas funções de uso.
Fonte: Ministério da Cultura