A customização das camisas da seleção brasileira já havia causado controvérsia por conta do veto a nomes de políticos, como Lula e Bolsonaro, ou a termos ideológicos, como comunismo ou socialismo. Mas as restrições da Nike, fornecedora do material esportivo, espalham-se por outros campos. Nas redes sociais, internautas apontam ressalvas a termos religiosos, com critérios não muito claros.
É possível, por exemplo, estampar as palavras “Jesus” ou “Cristo” no uniforme que os comandados de Tite usarão para buscar o hexa no Catar, entre novembro e dezembro. Mas não se pode escolher “Exu” ou “Ogum”, duas entidades cultuadas em religiões afro-brasileiras.
Por outro lado, está liberado usar termos como “Oxóssi”, “Iemanjá” e “Judas”.
Quando as restrições vieram à tona, O GLOBO procurou a Nike para entender como funciona a ferramenta disponível em seu site. A marca explicou ao blog Panorama Esportivo que o sistema, além de termos políticos e religiosos, rastreia palavras racistas e até palavrões.
“Este sistema é atualizado periodicamente visando cobrir o maior número de palavras possíveis que se encaixem nesta regra”, explicou a Nike em nota.
Procurada novamente, a empresa afirmou que houve uma falha no sistema “que permitiu a customização de algumas palavras de cunho religioso” e que ela “está sendo corrigida”.
O GLOBO também publicou, no sábado, uma reportagem mostrando que a CBF e seus parceiros comerciais desejam despolitizar o uso da camisa amarela da seleção a pouco mais de três meses do início do Mundial do Catar. Especialistas, porém, veem um prazo curto para ressignificar o uniforme.