Porta que fecha, outra que abre – Por Fernanda Pompeu

Ontem, uma amiga querida me contava que, faz dois meses, perdeu a edição de uma revista empresarial que produziu por dezoito anos. O cliente simplesmente mandou um e-mail protocolar: “Agradecemos sua colaboração e esperamos uma nova oportunidade para contarmos com seus ótimos serviços.”

Como diz o pessoal mais antigo: conversa mole para boi dormir. Minha amiga, com toda razão do coração, ficou ressentida com a impessoalidade da mensagem de dispensa. Tantos foram os anos trabalhados, tantas as dificuldades e vitórias compartilhadas.

Pareceu até final ruim de namoro longo, com uma das partes terminando por e-mail, ou mais atual, encerrando o romance pelo Face. Mas a amiga também confidenciou que passado o choque, se encontrava mais leve e mais feliz. “Tirei uma pilha de tijolos de cima dos ombros”, ela refletiu.

Perguntei se, apesar da leveza, ela não estava com medo. Afinal, não é simples encontrar outra revista para editar. Sabemos que trabalhos ligados ao universo Gutenberg, isto é, a publicações impressas, escasseiam no mundo dominado pela internet.

A resposta da minha amiga foi generosa. Disse que fazia tempo que queria mudar de ramo e de vida, mas movida por uma inércia (atenção, inércia também move) foi ficando número após número na revista. Ela não sentia forças para romper.

Mas agora está pensando em fazer novas travessuras. Projetos que ainda não sabe bem quais. Está dando um tempo como fazem as descasadas antes de um novo relacionamento. “Quero me dedicar a algo diferente. Desejo e necessito me entusiasmar novamente”, ela concluiu.

Nossa conversa me fez lembrar da sabedoria de quem encara a vida como sucessão de ciclos. Neles, as experiências vêm, vão, vêm. Se não existe o para sempre, também não há o nunca mais. Às vezes as coisas viram arquivo mofo, às vezes voltam com outra cara e diversa alma.
É também aquela historinha do não que acaba atraindo uma ciranda de sins. Circunstância em que a morte de um trabalho nos deixa livres para embarcarmos na viagem dos re: renovar-se, reinventar-se, reciclar-se.

 

Fonte: Yahoo

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