“Quando eu fui me aproximando, ela guardou seu celular, puxei meu iPhone 7 e bati uma selfie”

Miguel dos Santos conta ao Deles que percebeu que uma mulher guardou o celular quando ele se aproximou e, com humor, provou a ela que não é ladrão

Por William Amorim no  Mundo Masculino

imagem: Arquivo Pessoal / Mundo Masculino

Com pressa para não chegar atrasado ao trabalho, o jovem Miguel Gonçalves dos Santos, de 17 anos, andava bem rápido pela movimentada Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Ele usava blusa social, calça jeans e tênis preto e, ao se aproximar de uma mulher, ele percebeu que ela guardou o celular com medo de ser assaltada. Sem se intimidar com o ato de preconceito racial, o rapaz fez piada da situação e, agora, é sucesso nas redes sociais .

“Ela [a mulher] deveria ter 1,60 de altura, cabelos longos, cor de pele branca e estava muito bem vestida. Quando eu fui me aproximando, ela olhou para trás e demostrou que estava com medo de mim. Então, ela guardou seu celular, que parecia ser um Samsung Galaxy J5, e andou um pouco mais rápido. Eu, claramente, notei e entendi o que tinha acontecido”, diz o rapaz vítima do preconceito racial em entrevista ao Deles .

Para deixar a mulher mais tranquila e mostrar que ele era apenas um jovem trabalhador indo para o serviço, Miguel resolveu fazer algo inusitado. “Puxei meu iPhone 7 e bati uma selfie.  Porém, em momento nenhum eu quis ostentar, essa não foi minha intenção”, garante o rapaz que pagou R$ 3 mil no seu moderno aparelho.

Miguel já passou por situações de preconceito parecidas, mas cansou de fingir que é cego e deixar essas situações passarem “despercebidas”. “Sinceramente, não sei como essa pessoa pensa, suas opiniões sobre o assunto, mas, no momento, senti que foi preconceito pela minha cor. Não é a primeira e nem a segunda vez que passo por uma situação como essa, mas, dessa vez, eu tomei uma atitude diferente”, orgulha-se o carioca.

Como o Twitter é uma rede social em que ele costuma “interagir com a galera”, Miguel resolveu postar o que tinha acontecido e logo o assunto viralizou , somando mais de 83 mil curtidas. “Nunca imaginei que teria esta repercussão, nossa. Fui bem ousado, postei e saí correndo (risos). A galera me abraçou de um jeito que eu fiquei surpreso! Mas, fico triste por saber que este tipo de coisa não acontece só comigo.”

Depois desse caso de preconceito racial viralizar, Miguel ganhou vários seguidores e está feliz com essa fama repentina. Sem imaginar que isso aconteceria, o jovem, que sonha em seguir uma carreira no mundo da moda e da televisão, acabou apagando a selfie. “Estou bastante feliz pelo carinho e o apoio da galera. Para o meu público, eu digo: amo vocês, gente!”, finaliza.

+ sobre o tema

Ferguson faz silêncio no aniversário da morte de jovem negro

Centenas de pessoas fizeram um momento de silêncio em...

Torta de climão

Conversa vai, conversa vem, dia desses uma conhecida relatou...

Tia Má é alvo de racismo nas redes sociais; MP-BA vai apurar o caso

A jornalista e digital influencer Maíra Azevedo, a "Tia...

para lembrar

Diário do isolamento social, o guru

alceu é funcionário público, seu hobby e ler jung...

Vereadora Juliana Cardoso prevê confronto com Telhada na Câmara de SP

Juliana Cardoso: "O fato de o vereador Telhada vir...
spot_imgspot_img

Elites que se tornaram uma caricatura

Em salões decorados com obras que ninguém sabe explicar e restaurantes onde o nome do chef vale mais que o sabor da comida servida, uma parte da elite...

Festa de São Jorge é a utopia de um Rio respeitoso e seguro

Poucas celebrações são mais reveladoras da (idealizada) alma carioca e, ao mesmo tempo, do fosso de brutalidade em que nos metemos. Todo 23 de...

Belém e favela do Moinho, faces da gentrificação

O que uma região central de São Paulo, cruzada por linhas de trem, a favela do Moinho, tem a ver com a periferia de Belém, sede...
-+=