Agência Pará
O documentário “Salvaterra – Terra de Negro” foi entregue na manhã desta terça-feira (25) pelo Instituto de Artes do Pará (IAP) a lideranças quilombolas de Salvaterra, município da região do Marajó. Realizado em 2008, o documentário é resultado de uma parceria entre o instituto e a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).
Durante a cerimônia, houve um relato de experiências dos pesquisadores Edgar Monteiro Chagas Júnior e Taíssa Tavernard de Luca, que levantaram informações para a produção do documentário. As lideranças quilombolas de Salvaterra, Luzia Betânia Alcântara e Zeferino Gonçalves dos Santos, conhecido como Mestre Tio Zampa, também estiveram presentes.
Ao todo, foram produzidas 500 cópias do documentário, sendo que 300 foram repassadas às comunidades e 200 fazem parte do acervo do IAP, para distribuição e comercialização. Quem estiver interessado pode adquirir o DVD ao preço de R$ 20, na sede do instituto.
Durante a cerimônia, Luzia Betânia destacou que o projeto teve no diálogo com as comunidades o seu ponto de partida. “Todos os depoimentos foram muito espontâneos, por isso ficamos satisfeitos com o resultado desse trabalho”, afirmou Betânia, que a partir de agora pretende levar o filme para os eventos dos quais participa.
Amo do boi Primavera, Mestre Tio Zampa, uma das figuras mais conhecidas das comunidades quilombolas de Salvaterra, disse que não tinha dimensão da importância do seu trabalho. “Eu não sabia que as coisas que eu fazia tinham valor. Eu fazia por vontade, porque gosto de ver o povo alegre. Uma comunidade sem alegria é uma comunidade morta”.
Para o presidente do IAP, Jaime Bibas, o documentário traz à tona problemas daquela comunidade, mas sem deixar de lado o viés artístico. “Foi um projeto que demandou pesquisa, experimentação e criação artística, que primordialmente são as diretrizes do instituto em seus dez anos de atuação”, destacou. “Com esse trabalho, demonstramos, mais uma vez, que é possível, através da arte, falar de questões importantes para a sociedade”, completou.
“Salvaterra – Terra de Negro” registra os costumes e tradições dos afro-descendentes das comunidades quilombolas de Bacabal, Bairro Alto, Boa Vista, Caldeirão, Mangueira, Paixão, Pau Furado, Providência, Salvar, Siricari, Vila União, Rosário, Deus Ajude e Santa Luzia.
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