Novos negócios para empreendedores do Nordeste serão viabilizados em outubro. É quando vai entrar em operação a nova rota comercial marítima do Ceará ao Cabo Verde, arquipélago africano que servirá de hub (ponto de distribuição). Com isso, o transit time (em tradução livre, tempo de trânsito) entre o Estado e outros países africanos e europeus vai ser reduzido em mais da metade, incrementando as trocas comerciais.
Duas companhias de navegação disputam o entreposto. “Fará o trajeto quem oferecer a melhor condição financeira”, ressalta o secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior do Ceará (CCE), o empresário Roberto Marinho. Ele não quis informar o nome das empresas, mas adiantou serem europeias, de médio porte e que não têm atuação no Estado.
“Com grandes companhias, não houve viabilidade. O grau de exigência do volume de carga das empresas médias é menor. Com a nova rota, vamos ganhar em logística, custo e escala de vendas”, afirma. Os principais destinos dos produtos cearenses serão África do Sul, Angola, Guiné Bissau, Senegal, Moçambique, além de São Tomé e Príncipe.
A depender do calado (profundidade máxima) dos navios, será escolhido o porto de partida. O indicativo é de que será via Porto do Mucuripe, em Fortaleza. Mas o Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, é outra opção viável.
Também estão em definição as duas possibilidades de rota. Na primeira, Cabo Verde-Ceará-Cabo Verde. Na segunda, Espanha-Portugal-Cabo Verde-Ceará, retornando pelos mesmos países. Demonstra maior viabilidade a segunda opção, pela possibilidade da chegada de importação da Europa, já que não há produção em Cabo Verde, citou o secretário executivo.
Polpas made in Ceará
Oito marcas cearenses estão acreditando na viabilização da rota comercial ao Cabo Verde. Uma é a Pomar da Polpa, produtora de polpa de frutas, que está investindo em embarques aéreos a países africanos, desde o início do ano. Segundo o diretor comercial da empresa, Márcio Maia, a aceitação do produto tem aumentado as expectativas de lucratividade.
“Temos potencial para chegar a 8 toneladas (t), 10 t por mês. Segundo nossas estimativas, em um ano, podemos chegar a 20 t mensais. Já foram feitos contatos com importadores. Um dos compradores já montou uma distribuidora para receber e distribuir a poupa”, adianta.
Por enquanto, afirma que não está obtendo lucro. “Estamos pagando para exportar. Até o fim do ano, esperamos mandar um contêiner por mês. Aí, vai começar a valer a pena”.
Paralelo ao desenvolvimento logístico, estão sendo feitas orientações para tratamento e higienização dos produtos que são perecíveis. (Andreh Jonathas)
Cooperação entre Ceará e Cabo Verde
O Sebrae-CE atua para formar e fortalecer a parceria comercial entre o Ceará e os países africanos desde 2002, segundo a articuladora da unidade de Acesso a Mercado, Mônica Tomé. “Com o arrefecimento da logística, a gente reformatou o foco em função da dificuldade de embarque. Faz três anos que trabalhamos em cooperação com as entidades de Cabo Verde, para estimular uma relação de bilateralidade. Em função de alguns serem produtos perecíveis, o transporte não pode ser superior a 10 dias”.
A nova rota vai beneficiar, além do Ceará, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. Piauí e Maranhão têm uma atuação menos intensa nas atividades do comércio exterior aos países africanos.
Fonte: Portos e Seguros