Suplicy tenta falar de Renda Mínima na cracolândia

Senador, na praça Júlio Prestes, foi recebido com rap por usuários, que o cercaram para fazer vários pedidos

Ele distribuiu cartilha para frequentadores, que se afastaram por causa das câmeras de televisão e de fotógrafos


O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi recebido com um rap ao chegar à praça Júlio Prestes para encontrar usuários de crack expulsos dos escombros das obras de revitalização do centro.

“Suplicy ficou bolado/e fez uma reunião/quer tudo mundo presente/e prestando atenção”, entoava um rapaz mulato, que levou um tiro no olho esquerdo de traficantes.

O pai do roqueiro Supla era saudado por “papito” ao distribuir a cartilha Renda Básica da Cidadania (RBC), “Uma História Feliz”.

Na hora marcada para a reunião, 17h, apenas os líderes estavam presentes. “Estou aqui para um diálogo que é difícil, mas possível. Quero ouvi-los e explicar a proposta da RBC”, explicava Suplicy.

A presença de fotógrafos e cinegrafistas fez com que um grupo de cerca de 40 usuários se afastasse do local. De terno e gravata, a figura do político se destacava na multidão. Acompanhado de duas assessoras e do dramaturgo Asdrúbal Serrado, egresso da Febem, o senador explicava ao grupo que pretendia ouvir as demandas e ao final fazê-los encenar a peça “RBC na Cracolândia”.

Era interrompido seguidamente com pedidos. Um homem na faixa dos 35 anos chegou a mostrar um cachimbo de crack ao senador. “O senhor já viu um desses?” Enquanto o interlocutor saía resmungando, Suplicy calmamente se deslocava para o centro da praça, onde o “rapper” dormia no gramado com a cartilha da Renda Mínima aberta ao lado do corpo.

Suplicy era de novo cercado. “O senhor me perdoe, mas estou comendo água”, disse Ricardo Alexandre, sentado ao lado do senador com uma garrafa de pinga.

Passada uma meia hora, como os convidados para a reunião não deram as caras, Suplicy foi levado até uma das várias cracolândias que se formaram desde que o grupo foi disperso das obras interditadas em frente à praça.

Na esquina das ruas Dino Bueno e Helvétia, uns 40 usuários se amontoavam. A presença de equipe de TV impossibilitou a reunião. Logo, a cracolândia se dispersou.

Alguns usuários ainda seguiram o senador até a praça. “Excelência, a gente não tem mais espaço na rua. Por que não arranjam um prédio e verticalizam logo a cracolândia. Mete a gente lá e deixa rolar o nosso suicídio coletivo”, resmungava jovem com o rosto coberto pela camisa.
Indagado pela Folha como se chamava, respondeu: “Sou mais um na multidão”.

Fonte: Folha

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