“O Brasil, país com maior número de afrodescendentes, está a aumentar a sua presença em África, na indústria, na infraestrutura e no comércio”, afirma o jornal na primeira página, sob a chamada “Brasil se afirma em África”.
Os projectos brasileiros de ajuda à África têm aumentado a influência do país sula-americano no continente e ajudado empresas a fechar negócios, segundo uma reportagem do “New York Times”.
“O Brasil, país com maior número de afrodescendentes, está a aumentar a sua presença em África, na indústria, na infraestrutura e no comércio”, afirma o jornal na primeira página, sob a chamada “Brasil se afirma em África”.
O jornal norte-americano refere que o Brasil destinou US$ 23 milhões para construir uma fábrica de medicamentos contra Sida (Aids) em Moçambique, onde 2,5 milhões de pessoas têm a doença mas apenas 300 mil têm acesso ao medicamento que a fábrica produzirá.
No Kénia, o Brasil ofereceu um empréstimo de US$ 150 milhões por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a construção de estradas e mais US$ 80 milhões para ajudar a mecanização da agricultura local.
Projectos como esses abrem espaço para a entrada de empresas brasileiras nos países, diz o New York Times.
O jornal afirma que a Odebrecht, por exemplo, já é um dos maiores empregadores em Angola, a Vale está a investir US$ 6 bilhões no sector de carvão em Moçambique e o banco BTG Pactual lançou um fundo de US$ 1 bilhão para investir em África.
A corrente comercial entre o Brasil e os países africanos cresceu de US$ 4,3 bilhões em 2002 para US$ 27,6 bilhões em 2011.
Actualmente, 55% do US$ 1 bilhão desembolsado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, são destinados à África.
Além do aspecto comercial, existe a cooperação que aumenta a influência diplomática. O país tem hoje 36 embaixadas no continente africano – mais do que, por exemplo, o Reino Unido – e agendou para este ano a abertura da 37ª, no Malawi.
Em Angola, um acordo de segurança assinado recentemente tem o objectivo de expandir o treino de militares do país africano no Brasil.
O Times acredita que, diferentemente de outros países latino-americanos, como Venezuela e Cuba, que se baseiam numa espécie de solidariedade entre países em desenvolvimento, “a crescente presença do Brasil em África é mais complexa, envolvendo a ambição de transformar o país numa potência econômica e diplomática”.
A reportagem aponta, ainda, críticas às incursões do Brasil em África. Por exemplo, por causa da aproximação do País com líderes associados a violações de direitos humanos, como é o caso do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang.
Outra crítica vem de jovens africanos que participam num projecto para estudar no Brasil. Alguns reclamam de discriminação no País. O moçambicano Eleutério Nhantumbo, que ganhou uma bolsa para estudar no Rio de Janeiro, disse que estava a sair de uma loja e foi abordado por polícias, que lhe pediram para levantar a camisa. Quando perguntou por que o estavam a revistar, conta o estudante, ouviu como resposta um insulto racista. Os polícias perguntaram, ainda, de onde ele era. Depois que respondeu, os policiais teriam dito: “Onde é Moçambique?”. “Eles não sabiam que existe um país chamado Moçambique”, afirmou Nhantumbo ao jornal. As informações são da Rádio Moçambique.
Fonte: Africa 21