Vencer cultura do preconceito contra LGBT é desafio para cidade de São Paulo

Secretaria Municipal de Direitos Humanos promove debate da série #dialogoSP, ouve reivindicações e críticas e reafirma proposta de uma ‘nova forma de governar São Paulo’ contra ‘cidade proibida’

Por: Eduardo Maretti

 

São Paulo – Dando sequência à série de debates promovidos pela prefeitura de São Paulo com setores representativos dos movimentos sociais da capital, a Coordenadoria de Políticas LGBT, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), reuniu na noite de ontem (13) cerca de 150 pessoas para discutir políticas públicas voltadas à comunidade formada por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

O secretário Rogério Sottili e o coordenador de Políticas LGBT, Julian Rodrigues, participaram do encontro, #dialogoSP/LGBT, com a proposta de “ouvir a comunidade para inaugurar uma nova forma de governar São Paulo”, segundo Sotilli. O secretário afirmou que o debate de ontem se insere no contexto da transversalidade, com o desenvolvimento de políticas conjuntas pelas pastas que têm relação com as políticas públicas, no caso, voltadas à comunidades LGBT, as secretarias de Educação, Saúde, Esportes, Cultura, Planejamento, por exemplo.

Um dos problemas mais importantes a se enfrentar, para Sottili, é vencer o preconceito arraigado na sociedade. “São Paulo e o Brasil sofrem com uma cultura de violação dos direitos humanos, e vencer isso depende de um longo trabalho de educação”, disse.

Julian Rodrigues, coordenador de Políticas LGBT, chamou a atenção para a conjuntura, citando a eleição do novo papa, Francisco I, o argentino Jorge Mario Bergoglio, como parte de um “momento difícil” em que o “fundamentalismo religioso” auxilia na propagação do preconceito. “O novo papa foi um dos maiores opositores do casamento gay, teve ligação com a ditadura. Vimos a nomeação do presidente da Comissão de Direitos Humanos (da Câmara dos Deputados, deputado Marco Feliciano, do PSC). São fatos que aparentemente não têm ligação, mas mostram a conjuntura atual”, acredita.

Segundo Rodrigues, o debate promovido ontem é consequência da “resposta da sociedade, com a eleição do prefeito Fernando Haddad, que não quer uma cidade proibida, mas a afirmação dos direitos humanos”. Ele citou a Guarda Civil Metropolitana como um exemplo de instituição que precisa ser reformada. “A GCM tem de parar de ser violadora para ser protetora dos direitos”, afirmou.

Demandas e críticas
O secretário Rogério Sottili disse que a Secretaria de Direitos Humanos está disposta, mais do que debater, a ouvir críticas. “Porque a democracia precisa de críticas para construir políticas públicas.” Representantes da comunidade LGBT apresentaram inúmeras demandas e críticas no debate. Algumas das principais reivindicações são: albergues para pessoas em situação de abandono; mais estrutura para as Coordenadorias de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads), subordinadas à SMDH; políticas de emprego para a comunidade LGBT; comunicação mais eficiente da prefeitura para a área; políticas educacionais voltadas a combater o preconceito, entre outras.

Dário Neto, membro do setor LGBT do PSOL, disse que a nova gestão da prefeitura ainda não nomeou os representantes da SMDHC para o Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, órgão consultivo e vinculado à Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual. Segundo Neto, isso é um sintoma de falta de diálogo. O coordenador Julian Rodrigues desmentiu a informação e disse tratar-se de “má-fé”. Segundo ele, “o conselho foi nomeado na semana passada e a primeira reunião será realizada até o final do mês de março”.

 

Fonte: Rede Brasil atual 

+ sobre o tema

Sueli Carneiro, nossa bandeira

Sueli Carneiro fez 70 anos. Nasceu num 24 de...

Grupo aciona Supremo por direito a aborto se mulher tiver zika

A Associação Nacional de Defensores Públicos ingressa nesta quarta-feira...

Valmir discursa na Câmara em homenagem ao Mês da Mulher e às mulheres do MST

No mês de março, comemora-se o dia internacional da...

10 anúncios acusados de promover a violência contra a mulher

Confira peças publicitárias recentes que despertaram a ira dos...

para lembrar

Não se pode ser, ao mesmo tempo, feminista e sionista

Próximo ao checkpoint de Qalandiya na Cisjordânia, vejo quando...

Maju Coutinho estreia na bancada do Jornal Nacional e ganha elogios ao vivo

Maria Júlia Coutinho estreou neste sábado (16) como âncora...

Amelinha, coração vermelho e lilás – por: Fernanda Pompeu

Maria Amélia de Almeida Teles, a Amelinha, é uma...
spot_imgspot_img

Rosana Paulino recebe primeiro prêmio Munch, que incentiva liberdade artística

A artista brasileira Rosana Paulino recebeu o primeiro prêmio do novo prêmio Munch. A premiação foi criada com o objetivo de celebrar a carreira...

Viva Leci Brandão

Salve os caminhos que fazem mulheres negras se cruzarem na militância e na vida. Foi por esses caminhos que Geledés encontrou Leci Brandão. Primeiro,...

O silêncio das mulheres negras

Os últimos dias me exigiram um silêncio doloroso, mas necessário. Enquanto minhas caixas de entrada nas redes sociais e meu telefone tocava sem parar, decidi...
-+=