Vereadores protestam contra caso de racismo em supermercado de Salvador

Enviado por / FonteMetro1, por Adele Robichez

Silvio Humberto (PSB) cobrou posição da prefeitura e Marta Rodrigues (PT) afirmou que "fato será acompanhado pelo colegiado do legislativo municipal"

Vereadores de Salvador emitiram notas de repúdio, nesta segunda-feira (6), contra o caso de racismo ocorrido no Atacadão do bairro de Cajazeiras, em Salvador. No dia 30 de novembro, mês da Consciênca Negra, um menino de 8 anos foi abordado por uma funcionária do estabelecimento, que, ao ver a criança com um pacote de macarrão instantâneo nas mãos, perguntou se ele ia pagar pelo produto ou se iria roubá-lo.

Após o episódio vir à tona, o vereador Silvio Humberto (PSB) cobrou uma posição da Prefeitura de Salvador. “Essa é uma perversidade frequente do racismo ilimitado que nos acomete diariamente e que precisa ser tratado com o rigor da lei. […] À Prefeitura de Salvador cabe tomar a responsabilidade de, independente de ação dos outros poderes e entes da Federação, penalizar, dentro dos limites constitucionais da sua competência, todo estabelecimento comercial […] que, por atos de seus proprietários ou prepostos, discrimine a pessoa em razão de sua cor ou etnia”, afirmou.

O político também lamentou a reincidência de ocorrências de discriminação na rede Carrefour, que administra o supermercado. “Em mais um caso de racismo, a rede Carrefour vai de encontro ao discurso de comprometimento com políticas sérias e contra as discriminações”, criticou. O grupo esteve envolvido em um caso grave de racismo às vésperas do dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra, em 2020. Foi em uma loja da rede, no Rio Grande do Sul, que João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, foi espancado até a morte por seguranças da loja.

Diante do novo acontecimento, a presidente da Comissão de Direitos Humanos e de Defesa da Democracia Makota Valdina, a vereadora Marta Rodrigues (PT), pediu rigidez na apuração e nas respostas dos órgãos competentes. Ela acrescentou que “o fato será acompanhado pelo colegiado do legislativo municipal”. 

“Se faz urgente que os órgãos públicos competentes, junto às gestões públicas, estabeleçam uma sanção administrativa ao setor privado que submeta qualquer pessoa a racismo, tortura ou violação da integridade pessoal, tendo em vista os diversos episódios diários”, disse. 

Marta ainda questionou a atitude da gerência da unidade, que teria negado à mãe o acesso às imagens da câmera de segurança do local. Segundo ela, a situação também será discutido em reunião do colegiado. “O racismo está aí a nos afetar diariamente e os parlamentos e as gestões públicas precisam cobrar do setor privado responsabilidade social. Esta é uma batalha que independe de colorações partidárias”, declarou.

Procurado pela reportagem do Metro1, o Grupo Carrefour disse que “tomou conhecimento do caso” e iniciou “rigorosa apuração interna e está buscando contato com a cliente para qualquer tipo de suporte”. A rede disse ainda que “reitera o seu compromisso com políticas sérias de diversidade e repudia veementemente qualquer tipo de discriminação”.

+ sobre o tema

Por que mandaram matar Marielle Franco? Essa agora, é a pergunta que não se cala…

Seis anos depois e finalmente o assassinato de Marielle...

Mulheres sambistas lançam livro-disco infantil com protagonista negra

Uma menina de 4 anos, chamada de Flor de...

Poesia: Ela gritou Mu-lamb-boooo!

Eita pombagira que riscaseu ponto no chãoJoga o corpo...

para lembrar

Corregedoria da Câmara de SP aprova cassação de vereador por fala racista

A Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo aprovou...

Curiosidade sobre como vivem pobres alimenta turismo nas favelas

No início do século 20, a curiosidade sobre como...

Por que ser antirracista é tão importante na luta contra a opressão racial?

O Laboratório de Estudos de Gênero e História, da...
spot_imgspot_img

Com a mão erguida e o punho cerrado eu grito: fogo nos eurocêntricos cientistas-cientificistas

A verdade é que esse mundo é uma Ameaça. Uma Ameaça a certas gentes. Uma Ameaça a certas não-gentes. Uma Ameaça a redes, a...

Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas, como imaginado. A estudante do 3º ano do ensino médio Franciele de Souza Meira, de...

Colégio afasta professor de história investigado por apologia ao nazismo, racismo e xenofobia

Um professor de história da rede estadual do Paraná foi afastado das funções nesta quinta-feira (18) durante uma investigação que apura apologia ao nazismo, racismo...
-+=