Você está repensando o ‘até que a morte nos separe?’

Por que será que nos apegamos tanto a um relacionamento que já acabou? Porque sempre nos disseram que era a coisa certa a fazer.

Por Susan Winter  Do Brasil Post

Sair de um relacionamento que já acabou requer coragem. Ficar em um relacionamento sem vida requer auto-sacrifício. Lutamos para tomar essa decisão; nos preocupamos com o nosso futuro e as repercussões para aqueles que amamos. Para dificultar mais ainda essa batalha emocional, a nossa sociedade e cultura valorizam a manutenção de um relacionamento. A mensagem subliminar é que sofrer é melhor do que sair de um relacionamento, o que torna a decisão correta ainda mais difícil de se tomar.

Me admira como a nossa sociedade valoriza a duração de um relacionamento mais do que a qualidade do seu conteúdo. A longevidade raramente justifica o valor de um relacionamento quando as duas partes já perderam a habilidade de conviverem bem quando estão juntas. Parece uma escolha muito estranha, permanecer em uma parceria que não existe mais, só para conquistar a aprovação social.

Intuitivamente nós sabemos que a longevidade de um relacionamento não é a verdadeira medida do valor de uma parceria. Apesar disso, muitos casais ainda vão se arrastando até a linha de chegada do “Até que a morte nos separe”. As razões citadas por essa por continuar nessa situação inóspita muitas vezes tem a ver com questões financeiras, descriminação social ou mesmo por estar em uma fase da vida em que mudar de parceiro causaria muitos transtornos.

Se a longevidade é o critério que usamos para avaliar o valor de um relacionamento, o que acontece quando um relacionamento de longa data chega ao fim? Será que todo valor que ele tinha antes é anulado devido ao seu término? Aparentemente sim… segundo inúmeras pessoas que ouço dizendo: “Eu não quero jogar fora 20 anos de um casamento”.

Essa afirmação cria um duplo dilema . A longevidade que foi considerada como a virtude do relacionamento, agora não terá não mais nenhum mérito se ele acabar. A ideia de que um final é “jogar fora” o que existia é uma análise muito deturpada. Dentro desse raciocínio, nenhuma das duas situações é digna de louvor. É uma situação na qual só se perde.

Não importa se o relacionamento durou um ano ou vinte, a questão é ter se comprometido com o que existiu dentro daquele tempo e espaço. O valor de um relacionamento autêntico está em haver permitido que o amor entrasse em seus corações e de ter formado um vínculo com a pessoa amada.

Se houver um tentativa sincera de criar uma parceria e o amor que foi compartilhado chegou ao fim, fez o que deveria. O relacionamento cumpriu o seu propósito. Não importa quanto tempo durou, aquele relacionamento teve seu valor. Duas pessoas que tentaram se amar e o que elas conseguiram criar juntas é digno de honra, tanto na sua morte quanto no seu nascimento.

Existem momentos em que o casal não consegue ir adiante junto. Os dois mudaram. O crescimento necessário para criar uma conexão não pode ser estabelecido com o atual parceiro. Foram feitas escolhas que resultaram em ações que não podem ser revertidas. Existe uma desconexão. E nesse caso não há força de vontade suficiente que possa alterar o fato de que um ou dois parceiros não consegue mais trilhar o caminho de volta para o amor.

Já é bastante difícil encerrar uma união. A dor e o transtorno são imensos. Novos caminhos precisam ser traçados dentro de nós mesmos para que possamos substituir a base de uma ligação que foi destruída. Anular o valor de um relacionamento, é como colocar o dedo na ferida emocional, algo que não se deseja para ninguém.

Se essa é a estrada que você está trilhando, veja seguir alguns algumas dicas que podem ajudar a te guiar por essa transição da morte do seu relacionamento para o seu próprio renascimento:

– Ignore as mensagens da sociedade que vem enchendo a sua mente e lembre-se da verdade que você conhece. Você tentou. Você amou. O relacionamento cumpriu o seu propósito.

– Permita que o seu passado continue sendo uma coisa bela. Não acredite no mito de que um final anula todo o valor do que você já teve.

– Veja o todo. Amplie a mente da sua câmera mental para incluir uma perspectiva mais abrangente. Capture a imagem por completo (o bom que existiu além do que foi ruim) quando lembrar de tudo que aconteceu.

– Honre a autenticidade do que foi compartilhado. Isso permitirá que você abrace o seu passado em preparação para um futuro melhor.

Tudo que tem vida tem um ciclo de vida, inclusive o amor. Essa é a lei natural. Você não nasceu com uma falha ou defeito. Você não errou. Os relacionamentos nascem. Os relacionamentos morrem . Negar o valor do amor devido ao final dele é ver apenas um pequeno pedaço da imagem toda e ignorar o ciclo da vida. Reconhecer o valor do nosso amor que vivemos no passado é o que dá início a um novo ciclo de amor, mais uma vez.

+ sobre o tema

Em resposta ao ‘Desafio da Maternidade’, feministas desconstroem a imagem idealizada do que é ser mãe

Um novo desafio no Facebook está gerando algumas polêmicas. Por Ana...

A desigualdade e o racismo em degradê

    “Operários”, de Tarsila do Amaral: proposta de sociólogo de...

Lula deveria nomear uma mulher negra para o STF, diz Angela Davis

"Lula deveria ter nomeado uma mulher negra para a...

O debate e o embate sobre as cotas para parlamentares negros – Por: Fátima Oliveira

Em 30 de outubro passado, a Comissão de Constituição...

para lembrar

Regina Nogueira: tudo que é vivo tem de ser alimentado

Por Clarissa Peixoto Do Believe.Earth Médica e empreendedora social, ela atua...

Intolerância, por Sueli Carneiro

O sistemático ataque às religiões de matrizes africanas perpetrados...

Ministério da Saúde da Alemanha quer proibir ‘terapia de conversão’ de gays

A proposta é punir os responsáveis pela 'terapia de...
spot_imgspot_img

Universidade é condenada por não alterar nome de aluna trans

A utilização do nome antigo de uma mulher trans fere diretamente seus direitos de personalidade, já que nega a maneira como ela se identifica,...

O vídeo premiado na Mostra Audiovisual Entre(vivências) Negras, que conta a história da sambista Vó Maria, é destaque do mês no Museu da Pessoa

Vó Maria, cantora e compositora, conta em vídeo um pouco sobre o início de sua vida no samba, onde foi muito feliz. A Mostra conta...

Nath Finanças entra para lista dos 100 afrodescendentes mais influentes do mundo

A empresária e influencer Nathalia Rodrigues de Oliveira, a Nath Finanças, foi eleita uma das 100 pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo pela organização...
-+=