Michelle Obama despede-se da Casa Branca com apelo pela tolerância

Cor da pele, riqueza… Nada disso realmente importa’

Fonte: Brasil Post

Rafael Nardini

“Sabendo que nós fizemos tudo isso até aqui e nós sobrevivemos e de muitas maneiras prosperamos”.

Michelle Obama começa a despedir-se da Casa Branca.

Na noite desta segunda-feira (19) foi a vez de, como primeira-dama, conceder sua última entrevista. A conversa aconteceu, como poderiam prever, com Oprah Winfrey, apoiadora de longa data de Barack Obama e que acabou tornando-se uma das estrelas próximas da família presidencial nestes últimos oito anos.

No especial de uma hora de duração, Michelle mostrou serenidade com o futuro americano, disse estar na torcida pelo novo presidente Donald Trump – sem jamais citar o nome do republicano – e, como de costume, distribuiu conselhos e quis mostrar-se forte para seguir em frente após a derrota acachapante do Partido Democrata e Hillary Clinton em novembro.

“Esta última eleição foi um desafio para assistir como cidadã”, disse ela, acrescentando que os Estados Unidos estão “ainda sentindo as reverberações desse tipo de linguagem cáustica”, numa referência velada aos insultos proferidos por Trump às minorias – mulheres, muçulmanos e todas demais acusações durante a longa campanha, que arrastou-se por nove meses.

“Temos tanto medo um do outro. . . Cor, riqueza… Essas coisas que realmente não importam ainda desempenham um papel muito importante em como vemos um ao outro. E é triste, porque a coisa que menos nos define é a cor da nossa pele. É o tamanho da nossa conta bancária. Nada disso importa”, filosofou.

O que importa para Michelle, então? “São nossos valores”, ela continuou. “É como nós vivemos nossas vidas, você não pode dizer isso da raça de alguém, da religião de alguém, as pessoas têm de agir, eles têm que viver aquelas vidas. […] Deixem-me viver minha vida em voz alta, para que as pessoas possam então ver e julgar por si mesmas, e é isso que eu quero que os jovens façam, apenas viva sua vida “.

Esperança

PHILADELPHIA, PA – NOVEMBER 19: Artist Mark G displays artwork of First Lady Michelle Obama for signatures during a protest against President-elect Donald Trump at Thomas Paine Plaza November 19, 2016 in Philadelphia, Pennsylvania. Today marks the 11th consecutive day of anti-Trump protests in Philadelphia, with plans to demonstrate everyday through inauguration day, January 20, 2017. (Photo by Mark Makela/Getty Images)

Lembrando que o tom esperançoso foi o mote de campanha de Obama em 2008, Oprah quis saber o que Michelle sentia após tanto tempo vivendo o governo por dentro. Há esperança?

“Veja, agora estamos sentindo o que é não ter esperança. Você sabe, a esperança é necessária, é um conceito necessário”, comentou.

“E Barack não falou de esperança apenas porque pensou que era um bom slogan para conseguir votos”, ela continuou. “Quero dizer, ele, eu e tantos acreditamos que se você… O que mais você tem se você não tem esperança?”.

Pronta para auxiliar Trump

Passada a duríssima campanha, Michelle se disse pronta para fazer o que for necessário para ajudar Donald Trump a ter sucesso. Para a sua sucessora, Melania Trump, “a porta está aberta”, conta Michelle.

“As palavras são importantes”, disse ela. “As palavras que nos fazem avançar – todos nós -, elas importam. Esta é uma das razões pelas quais Barack e eu apoiamos a transição [de governo]. Porque não importa como nos sentimos, é importante para o futuro da nossa nação que nós apoiamos o novo comandante-em-chefe [Trump]”.

É, isso. Michelle está pronta para a partir.

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