8 de março, celebrar o que? Nós, mulheres negras marchamos

8 de março, dia internacional da mulher, o que vão celebrar? Na verdade não sei o que celebrar, ao meu redor só existe dor, sofrimento e opressão, no entanto tenho esperança, e a esperança surge na resistência negra, na minha ancestralidade negra, há esperança em nosso protagonismo, na Marcha Nacional de Mulheres Negras que tem sua demanda orientada para o enfrentamento do racismo, sexismo, violência e pelo bem viver.

Por Emanuelle Goes, no População negra e Saúde

Enquanto não tivemos a nossa liberdade de corpo inteiro, não há motivo para celebrar 8 de março. Enquanto fomos desumanizadas, vistas com menor valor, nós marcharemos, pois para os serviços de saúde somos resistentes a dor, capazes de suportar todos os tipos de pesos, não somos resistentes, somos Resistência.

Sempre que escrevo sobre desigualdades, gosto de trazer dados, na verdade gosto deles, dos números, no entanto, na maioria das vezes não gosto do que apresentam.

A fonte dos dados foi o IBGE, no Sistema de Informação de Indicadores de Gênero, acho interessante este sistema, sugiro que acessem para obter informações numéricas, do qual já sabemos, é fato, pois o nosso cotidiano insiste em nos revelar todos os dias. Vou apresentar dados sobre educação, campo este que as mulheres universais avançam muito, no entanto isso não acontece com as mulheres negras com a mesma velocidade, pois temos uma pedra no caminho, sim, ele mesmo o racismo, nos impede de estarmos em patamar equitativo das mulheres brancas.

Em todas as figuras apresentadas logo em seguida, vamos observar as mulheres negras em situação de desigualdade quando comparamos com as mulheres brancas.

dados3 dados 1

 

Não irei descrever cada figura, pois ela por si só revela o que queremos saber e nos dar horizonte, como um lembrete, do porque precisamos de uma agenda que nos considere e nos visibilize. Por isso marchamos, Marcha das Mulheres Negras, “UMA SOBE E PUXA A OUTRA!”

*Blogueira, Enfermeira, Odara Instituto da Mulher Negra, Doutoranda em Saúde Pública/UFBA

+ sobre o tema

Eventos promovem feminismo negro com rodas de samba e de conversa

"Empoderadas do Samba" ocupa espaço ainda prioritariamente masculino e...

Dandara: ficção ou realidade?

Vira e mexe, reacende a polêmica sobre a existência...

Michelle Obama está farta de ser chamada “mulher revoltada de raça negra”

“Uma mulher revoltada de raça negra”. Michelle Obama está...

A banalização da vida diante da cultura do abandono e da morte

O ano de 2017 expondo as vísceras da cultura...

para lembrar

Racismo institucional e ensino da cultura africana são debatidos entre governo e movimento negro

 A presidenta Dilma Rousseff recebeu nesta sexta-feira (19),...

Igreja continuará satanizando direitos das mulheres? por Fátima Oliveira

O papa Francisco, num mesmo dia, 20 de setembro,...

O fascínio de Summerhill, uma escola democrática e instigante – Por: Fátima Oliveira

Criar filhos em uma sociedade cada vez mais individualista...

O que pensa o ministro Arthur Chioro sobre a saúde da mulher – por: Fátima Oliveira

Preocupada com o silêncio sepulcral do novo ministro da...
spot_imgspot_img

Mortalidade materna de mulheres negras é o dobro da de brancas, mostra estudo da Saúde

Assim como outros indicadores de saúde, a mortalidade materna é maior em mulheres negras do que brancas, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde. Dados preliminares...

MP-BA oferece denúncia contra cinco homens por envolvimento na morte de Mãe Bernadete

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou cinco homens pelo assassinato da ialorixá e líder quilombola Bernadete Pacífico. A informação foi divulgada pelo órgão nesta quinta-feira...

Xenia França vence Grammy Latino 2023 por melhor álbum pop contemporâneo em língua portuguesa

A cantora baiana Xenia França venceu o Grammy Latino 2023, por melhor álbum pop contemporâneo em língua portuguesa com "Em Nome da Estrela". A...
-+=