Denúncias de feminicídio e tentativas de assassinato a mulheres mais que triplicam no país

Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, recebeu, em média, uma denúncia de feminicídio ou de tentativa de feminicídio a cada duas horas. Dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Por Léo Arcoverde e Milena Teixeira, do GloboNews, no G1

Feminicídio — Foto: Foto: Editoria de Arte/G1

Denúncias de feminicídio e tentativas de assassinato de mulheres mais que triplicam em todo o Brasil.

Dados da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, serviço do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, apontam que, entre janeiro e outubro deste ano, foram registradas 3.664 denúncias de feminicídio e tentativa de feminicídio em todo o país.

Esse número representa um aumento de 272% na comparação com 984 relatos dessa natureza contabilizados no mesmo período de 2018. O levantamento exclusivo foi obtido pela GloboNews por meio da Lei de Acesso à Informação.

Isso significa dizer que, neste ano, o Ligue 180 recebeu, em média, uma denúncia de feminicídio ou de tentativa de feminicídio a cada duas horas.

De acordo com os números do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, as ligações telefônicas relacionadas a feminicídios em todo o país saltaram, no período, 141% (de 22 para 53 ocorrências). Já a quantidade de tentativas de feminicídios relatadas ao Ligue 180 cresceu 275% (de 962 para 3.611 casos).

Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, afirma que os dados refletem um maior encorajamento das mulheres no sentido de denunciar o agressor, mas também traduzem o aumento da violência de gênero.

“É bem possível afirmar que há por um lado um aumento da denúncia, um certo empoderamento feminino, mais serviços disponíveis que fazem com que as pessoas se animem a denunciar e façam chegar essas informações as autoridades, mas também é possível afirmar que está havendo um aumento desses dados de violência contra a mulher”.

Medidas protetivas

No estado de SP, o número de medidas protetivas de urgência concedidas a mulheres em situação de violência doméstica bateu recorde em 2019.

Entre janeiro e outubro, foram 95.050 pedidos atendidos, número que supera os resultados dos seis anos anteriores que compreendem a série histórica do Tribunal de Justiça.

A quantidade de pedidos atendidos até outubro deste ano representa um aumento de 25% na comparação com o mesmo período de 2018, quando 76.316 medidas protetivas foram determinadas nas cidades de São Paulo, de acordo com dados do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Ligue 180

A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – Ligue 180 – é um serviço de utilidade pública gratuito e confidencial (preserva o anonimato), oferecido pela Secretaria Nacional de Políticas, desde 2005.

O Ligue 180 recebe denúncias de violência, reclamações sobre os serviços da rede de atendimento à mulher e de orientar as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços quando necessário.

A Central funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados, e pode ser acionada de qualquer lugar do Brasil e de mais 16 países (Argentina, Bélgica, Espanha, EUA (São Francisco), França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela).

Desde março de 2014, o Ligue 180 atua como disque-denúncia, com capacidade de envio de denúncias para a Segurança Pública com cópia para o Ministério Público de cada estado. Para isso, conta com o apoio financeiro do Programa ‘Mulher, Viver sem Violência’.

Ele é a porta principal de acesso aos serviços que integram a Rede nacional de enfrentamento à violência contra a mulher, sob amparo da Lei Maria da Penha, e base de dados privilegiada para a formulação das políticas do governo federal nessa área.

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