Mãe diz que filha sofreu racismo em escola do Rio: ‘cabelo de pobre’

Publicação de desabafo na web teve mais de 1,3 mil compartilhamentos.
Relato aponta omissão de escola em relação ao preconceito dos alunos.

Do G1

O desabafo de uma mãe sobre um caso de racismo ocorrido dentro da Escola Parque, na Gávea, Zona Sul do Rio, chamou a atenção nas redes sociais. No último domingo (4), Andressa Cabral, de 35 anos, mãe da pequena Valentina, de 6 anos, relatou em sua página do Facebook os comentários racistas que a filha estaria ouvindo dos colegas de classe. A postagem tinha 1,3 mil compartilhamentos até as 20h30 desta segunda-feira (5).

A mãe da menina contou ao G1 que a Escola Parque, onde a menina estuda há cinco anos, foi pouco enérgica em relação ao caso. A escola disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que “não se pronuncia publicamente quando se trata de alunos e casos internos da escola, já que envolve todo um trabalho psicopedagógico”.

“Eles já tinham sido avisados pessoalmente pelo pai da Valentina. Fiquei esperando ingenuamente a ligação da escola, mas nada aconteceu. Só fui procurada hoje [segunda-feira], quando a coordenadora me ligou, me deu um tratamento extremamente protocolar, como se fosse um caixa de supermercado. Disse que estava muito surpresa com a situação e que não precisava ser assim. Ficou claro que ficaram preocupados com a imagem e o nome da instituição”, disse.

Andressa afirma que foi procurada pelas mães das meninas que agrediram sua filha e que elas prestaram total solidariedade à situação. “Não responsabilizo as mães ou as filhas. Conversei com elas. O que me incomoda é que isso tenha acontecido dentro do perímetro da escola e que a atitude da instituição tenha sido de omissão. Os pais delas também não foram procurados. A coordenadora foi avisada de que a escola já está trabalhando com as crianças e prefere não colocar a questão em foco, mas a questão precisa estar em foco”, destacou.

A mãe afirmou que gostaria de ver a escola incorporar a história do povo negro à sua ementa. “É preciso falar na escola da constituição do povo brasileiro e abordar a questão do negro no Brasil. É importante que haja coragem para encarar isso”, defendeu Andressa.

Desabafo da mãe no Facebook
“Minha filha vem sistematicamente reclamando de um grupo de amigas e suas atitudes em relação a ela. Relata que a perseguem, criticam e zombam dela com certa frequência. Certa vez, foram três dias seguidos sob a mesma reclamação. (…) Esta semana ela trouxe um capítulo novo: Fulana disse-lhe que seu cabelo “é de pobre”, claramente se referindo ao cabelo afro como algo menor. (…) Ela relata que chorou muito, tentou falar com a professora, que não teria lhe dado muita atenção e visivelmente não tratou o assunto com a relevância devida. Já as amigas a impediram de contar a sua versão, interrompendo-a, alegando ser mentira”, conta a chef de cozinha em seu post, que já havia sido compartilhado mais de 1.300 vezes até a noite desta segunda-feira (5).

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