‘Ato racista deve ser combatido’, diz Coletivo Negro do Mackenzie

Banheiro da Faculdade de Direito foi pichado com frase racista.
Alunos afirmam que ato é reflexo de ‘pensamento elitista e opressor’.

Por Anne Barbosa, do G1

Os integrantes do Coletivo Negro da Universidade Presbiteriana Mackenzie divulgaram uma nota de repúdio nesta quarta-feira (7) em sua página no Facebook contra a pichação racista em um banheiro da Faculdade de Direito da universidade, em São Paulo.

“O ato racista ocorrido dentro do campus de Higienópolis deve ser ferozmente combatido por todas as esferas que compõem a estrutura acadêmica. Entende-se que as palavras descritas em banheiros nada mais é que um reflexo do pensamento elitista e opressor da sociedade”, afirma a nota.

A pichação foi descoberta pela Direção da Faculdade no final da tarde desta terça-feira (6) e foi divulgada nas redes sociais. A citação diz que “Lugar de negro não é no Mackenzie. É no presídio.” Em nota, a universidade afirma que repudia qualquer ato, ação ou manifestação de cunho racista em seu ambiente (veja nota na íntegra abaixo).

O coletivo pede que a reitoria da universidade e o Instituto Mackenzie tomem atitudes concretas contra esse tipo de ato. “Nós, como Coletivo Afromack, formado por alunas e alunos afrodescendente de cursos distintos dessa instituição, não ficaremos passivos e omissos frente a qualquer demonstração pública ou velada de opressão ligada ao nosso fenótipo ancestral”, diz.

O Mackenzie ainda não sabe quem é o responsável pelo ato, mas informa que já foi feita denúncia aos órgãos e instâncias responsáveis pela apuração. Foi instaurado procedimento interno para apuração dos fatos e possível identificação de autoria.

“Nossa história de ampliação de liberdades e construção de oportunidades nos impõe a reafirmação permanente do nosso compromisso com a defesa dos Direitos e garantias Individuais e Coletivos, com o bem-estar do nosso povo e o repúdio a atos discriminatórios de quaisquer naturezas”, diz o texto.

Tamires Gomes Sampaio, primeira negra a assumir a diretoria do Centro Acadêmico do curso de Direito da universidade paulistana Mackenzie, repudiou o ato racista em um post no seu perfil no Facebook.

“É difícil pra mim, como estudante negra, desse mesmo prédio, escrever sobre essa imagem, porque ela é a representação do pensamento racista que eu sei que passa na cabeça de muitos que permeiam pelo Mackenzie”, disse. Segundo a universidade, Tamires deixou o cargo de diretora do Centro Acadêmico em maio deste ano.

Em agosto, alunos divulgaram mais um caso de racismo (Foto: Reprodução de Redes Sociais)
Em agosto, alunos divulgaram mais um caso de
racismo (Foto: Reprodução de Redes Sociais)

 

Outro caso
Esse não foi o único caso de racismo envolvendo a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em agosto desse ano, alunos divulgaram nas redes sociais fotos de outra pichação em um complexo de restaurantes próximo à universidade. A pichação dizia “O Mack não deveria aceitar nem negros, nem nordestinos”.

A universidade informou que não registrou outros casos de racismo dentro do campus.

 

 

Universidade afirma que repudia qualquer ato, ação ou manifestação de cunho racista em seu ambiente (Foto: Arquivo Pessoal)
Universidade afirma que repudia qualquer ato, ação ou manifestação de cunho racista em seu ambiente (Foto: Arquivo Pessoal)
A estudante Tamires Gomes Sampaio postou sua indignação contra a pichação racista (Foto: Reprodução/Facebook/Tamires Gomes Sampaio)
A estudante Tamires Gomes Sampaio postou sua indignação contra a pichação racista (Foto: Reprodução/Facebook/Tamires Gomes Sampaio)

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