Sona, símbolo da cultura tchokwe, está a ser retratado na longa-metragem “Os deuses da água”, numa co-produção entre Argentina e Angola, cujas imagens começaram a ser captadas sábado, no Dundo, província da Lunda-Norte.
Sona, que significa escrita na areia, era uma forma de comunicação dos ancestrais desta região do país, que escreviam mensagens por gravuras em paredes de casas, árvores e no chão (areia) nas aldeias para serem decifradas pelos demais membros da comunidade. Estas gravuras (sona) de difícil decifração actualmente encontram-se no Museu Dundo e em um livro que retrata a cultura bantu.
A longa-metragem tem como objectivo o resgate da cultura africana e dar a conhecer ao mundo os símbolos culturais do povo tchokwe, como é o exemplo do sona (escrita na areia) e do obelisco (monumento rectangular existente no Dundo).
Para o produtor local e cinegrafista, Albano Manuel Correia, a escolha do sona vem em detrimento do grande significado que os desenhos geométricos africanos representavam na época e que povos de outros continentes divulgam, como forma de não perderem a sua identidade.
Albano Correia disse ainda que o projecto foi aceite, de formas a se mostrar a origem, a existência de uma província com o nome de Lunda-Norte e que está em Angola e é onde se pratica o sona, embora não como anteriormente.
Pesquisas feitas na região indicam apenas a existência de um ancião, funcionário do Museu do Dundo, que ainda pratica o sona e que será um dos actores locais do filme gravado numa das aldeias do município do Chitato.
O realizador angolano Mawete Paciência, que fez a produção executiva, disse igualmente à Angop que esta longa-metragem surge para unificar os povos de diferentes culturas, como angolanos (quimbundo e tchokwes), malianos, etíopes e argentinos.
Mawete Paciência disse ainda que a intenção de rodar a história do sona é fortalecer mais os povos, uma iniciativa do realizar argentino Pablo César, que tem feito pesquisas sobre as culturas africanas, descobrindo assim esta arte lunda-tchokwe e nas regiões do Congo.
O roteiro cinematográfico foi escrito por Pablo César, em co-produção com a autora argentina Charun Bugarhim, com o propósito de recuperar o valor histórico e cultural que pertence ao património da humanidade, como o povo tchokwe e suas culturas, o conhecimento da geometria sagrada “sona” e também dos povos quimbundos das províncias de Malange e Kwanza-Norte.
Por seu turno, o realizador e director do filme Pablo César, sintetizou a longa-metragem, que retrata uma história que começa na Argentina, com um personagem que procura buscar informações acerca dos mitos ancestrais, pelo facto estar a preparar uma obra de teatro musical, baseada em conhecimentos do povo do Mali.
Tal busca, segundo a fonte, o personagem a conhecer um dia um jovem angolano em Buenos Aires, factor o que leva a iniciar uma viagem para Angola e Etiópia, para buscar informações sobre culturas antigas.
A rodagem do filme deverá acontecer em várias províncias de Angola. As filmagens terminam em Março de 2014.
Fonte: Elegbaraguine’s Weblog