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    Ceam/GDF

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    Motoristas argentinos terão de fazer curso sobre igualdade de gênero para ter habilitação

    Cartas de mulheres assírias encontradas em escavações revelam sua atuação nas redes de comércio da época (Foto: VANESSA TUBIANA-BRUN)

    As mulheres que chefiavam ‘empresas’ há 4 mil anos

    As mulheres usam a mandioca tradicionalmente para cozinhar e sabem prepará-la de várias maneiras.(Foto: TANIA LIEUW-A-SOE/CEDIDAS)

    As mulheres que cultivam mandioca no Suriname para vendê-la nos Países Baixos

    Getty Images

    Pesquisa mostra que, apesar de homens morrerem mais, as mulheres são mais impactadas no dia a dia da pandemia

    Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

    Março por Marielle e Anderson

    A arquiteta e urbanista Tainá de Paula (Foto: Fernanda Dias)

    O que as mulheres têm a ver com o Plano Diretor?

    Mulher vítima de agressões fez um "X" na mão para pedir ajuda — Foto: Arquivo Pessoal

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      Pela afirmação da vida, pela liberdade e contra a brutalidade policial

      Foto: Pedro Kirilos/Riotur

      O Rio de janeiro continua… segregacionista

      Ashanti: nossa pretinha/Malê Mirim

      Literatura infantil para incentivar a autoestima em crianças negras

      Imagem: Frazer Harrison/Getty Images

      Globo de Ouro 2021: atores lamentam ausência de negros entre jurados

      O coletivo Lótus Feminismo é provavelmente um dos primeiros grupos a discutir feminismo asiático no Brasil (Foto: Reprodução/Instagram)

      Feminismo asiático: mulheres amarelas lutam contra a erotização e o racismo 

      Christian Ribeiro (Foto: Arquivo Pessoal)

      (Para que o absurdo não se torne razão) As vezes é necessário se falar o óbvio: RACISMO REVERSO NÃO EXISTE!

      "Justiça para Daniel Prude": protesto em Rochester em setembro de 2020 (Foto: Reuters/ L. DeDario)

      EUA: agentes que asfixiaram homem negro nem serão julgados

      Neca Setubal Imagem: Sergio Lima/Folhapress

      A inaceitável desvinculação do investimento em educação e saúde

      Zilda Maria de Paula (à esq.), líder das mães de Osasco e Barueri, conversa com Josiane Amaral, filha da vítima Joseval Silva Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

      Defesa de réus de chacina tenta desacreditar mães de vítimas, diz defensora

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      Bandeira do orgulho trans hasteada em São Francisco, nos Estados Unidos. Foto: Flickr (CC)/torbakhopper

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      Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

      GettyImagesBank

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        Espetáculo Negra Palavra | Solano Trindade (Foto: Mariama Prieto)

        Identidades negra e indígena são tema do Palco Virtual de cênicas com leituras e espetáculos em construção de teatro e dança

        Beth Belisário (Foto: Divulgação)

        Beth Belisário, do bloco Ilú Obá de Min, abre série especial da coluna Um Certo Alguém em sinergia com a Ocupação Chiquinha Gonzaga

        Imagem 1 – Tear e poesia do fotógrafo Fernando Solidade

        Festival de Imagens Periféricas apresenta a multiplicidade cultural de São Paulo através da fotografia

        As mulheres usam a mandioca tradicionalmente para cozinhar e sabem prepará-la de várias maneiras.(Foto: TANIA LIEUW-A-SOE/CEDIDAS)

        As mulheres que cultivam mandioca no Suriname para vendê-la nos Países Baixos

        A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus durante noite de autógrafos do lançamento de seu livro "Quarto de Despejo", em uma livraria na rua Marconi, em São Paulo (SP). (São Paulo (SP), 09.09.1960. (Foto: Acervo UH/Folhapress)

        Carolina Maria de Jesus ganha título de Doutora Honoris Causa da UFRJ

         Instagram/@teresacristinaoficial/Reprodução

        Teresa Cristina, que já era imensa, saiu ainda maior do programa Roda Viva

        Filipe Nyusi agradeceu ao "povo irmão" da China pelo envio das primeiras vacinas contra a covid-19 Foto: HANNIBAL HANSCHKE

        Covid-19: Moçambique recebe primeiras vacinas da China

        Junior Dantas (Foto: Rodrigo Menezes)

        Websérie “O pequeno herói preto” é lançada no Youtube

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              A educação de meninas negras em tempos de pandemia: o aprofundamento das desigualdades

              24/12/2020
              em Gênero, raça e educação
              18 min.

              Fonte: Por Geledés Instituto da Mulher Negra
              A educação de meninas negras em tempos de pandemia: o aprofundamento das desigualdades

              Tem se tornado cada vez mais comum ouvir que a pandemia da COVID-19 escancarou as desigualdades já existentes no Brasil. Quando falamos de educação, as narrativas de profissionais da área reforçam que não é possível avaliar o impacto do ensino virtual/remoto porque as/os estudantes sequer acessaram os ambientes virtuais disponibilizados pelas secretarias de educação. A falta de acesso à internet e aos equipamentos tecnológicos conformam a realidade da maior parte das/os estudantes brasileiras/os. Mas há quem acesse e tenha seus direitos de aprendizagem garantidos no limite do que a Educação à Distância permite. Quem são as pessoas que acessam ou não as ferramentas do ensino remoto? Quem ainda mantém ou não vínculo com a escola e a formação acadêmica? Dados da PNAD-COVID, realizada ainda neste ano de 2020, revelam que em setembro 6,4 milhões de estudantes (13,9% do total) não tiveram acesso às atividades escolares. O mesmo levantamento demonstra que estudantes negros e indígenas sem atividade escolar é o triplo de estudantes brancos: 4,3 milhões de crianças e adolescentes negros e indígenas da rede pública e 1,5 milhão de pessoas brancas destes segmentos. Se por um lado as desigualdades educacionais provocadas pela pandemia afetam todos os grupos, por outro ela aumenta ainda mais os abismos existentes entre pessoas não-brancas e brancas no Brasil.

              Diante desta realidade, Geledés – Instituto da Mulher Negra iniciou a pesquisa “O direito à educação de crianças e adolescentes em tempos de pandemia” no município de São Paulo, com recorte de raça/cor e gênero. Se as pessoas não-brancas são as mais afetadas pelo aprofundamento das desigualdades, como estaria então a realidade das meninas negras já tão vulnerabilizadas no contexto pré-pandemia? Existem diferenças se desagregarmos os dados por raça/cor e gênero? Este estudo, cujo coleta se deu entre setembro de novembro de 2020, revela que sim.

              Apresentamos aqui o primeiro informe parcial da pesquisa, que tem como foco a realidade das meninas negras no acesso à educação e aos direitos de aprendizagem durante o período de isolamento social. Os dados representam o universo de 105 famílias das 5 regiões da cidade de São Paulo, compostas por 372 pessoas no total e majoritariamente situadas nas periferias da cidade; 149 profissionais da educação que atuam em 116 escolas públicas municipais, estaduais e federal das 5 regiões e que ofertam educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, nas modalidades regular, educação de jovens e adultos, ensino técnico, educação escolar indígena e educação escolar de pessoas surdas; 13 organizações da sociedade civil que atuam nas 5 regiões em defesa dos direitos das crianças e adolescentes e da educação de qualidade.

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              01/03/2021

              Para alcançar este grupo de respondentes, percorremos diferentes caminhos. No caso das famílias, além de divulgar em grupos que atuam na educação para as relações étnico-raciais, como de professoras/es e movimentos sociais, contamos com a ajuda de 3 pesquisadoras que atuam na educação escolar e não escolar nas zonas oeste, norte e sul. A partir das redes estabelecidas pelas escolas ou organizações da sociedade civil que integram, elas chegaram às famílias periféricas para a aplicação do questionário. Conforme a Tabela 1, dentre as 105 famílias temos 5,71% da região central, 19,05% da zona leste, 34,29% da zona norte, 19,05% da zona oeste e 21,90% da zona sul.

              blank

              Estas famílias representam o total de 372 pessoas, sendo a maior parte composta por 4 pessoas (37,14%), seguido pelos grupos de 3 pessoas (24,76%)  e de 2 pessoas (22,86%). Deste total, 185    pessoas  integrantes das famílias têm até 18 anos (49,7%) e são estudantes da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.

              blankAo considerar o perfil étnico-racial das famílias, a Tabela 2 aponta que 69,52% são negras, 10,48% brancas e 20% interraciais. Em relação à identidade de gênero, 74,29% são compostas por homens e mulheres, 23,81% por apenas mulheres e 1,9% por apenas homens[1].

              blankA partir desse universo pesquisado, trazemos dados das famílias sobre o acesso à educação em tempos de pandemia para as crianças e adolescentes que as compõem, com recorte de raça/cor e identidade de gênero – é neste campo que fica evidente as desigualdades educacionais. Para tentar compreender os dados, analisamos a percepção de docentes e organizações da sociedade civil sobre as diferenças existentes entre meninos e meninas, negras e brancas, com perguntas específicas sobre meninas negras, no que tange o período de isolamento social e a adoção do ensino remoto/virtual.

              O questionário de profissionais da educação alcançou 154 docentes de 122 escolas diferentes. Como o universo da pesquisa é apenas escolas públicas da cidade de São Paulo, excluímos da análise as respostas de outros municípios (5) e de um colégio particular. Neste sentido, ficamos com 149 respostas que contemplam o universo de 116 escolas identificadas – o número de escolas representadas é maior, já que 19 pessoas optaram por não informar o nome das instituições em que atuam. Para alcançar estes docentes, trabalhamos com a metodologia “bola de neve”, para a qual contamos com “sementes” iniciais de difusão da pesquisa: neste caso, acionamos os grupos de WhatsApp “Professoras Negras” do município de São Paulo, “GTP ERER nas Quebradas” (Grupo de Trabalho e Pesquisa – Educação para as relações étnico-raciais nas quebradas) e o “FEDER” (Fórum de Educação e Diversidade Étnico-racial de São Paulo), além das redes sociais de Geledés. Tendo estes grupos de comunicação como “sementes”, a pesquisa passou a ser difundida nas diferentes regiões de São Paulo e alcançou novos adeptos, os chamados “frutos”. O preenchimento do questionário foi realizado pelas/os próprias/os profissionais da educação.

              As respostas contemplam profissionais da educação das diferentes áreas de conhecimento: biológicas, exatas, humanas e tecnológicas. As/os docentes atuam em escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio regulares, assim como no Ensino Médio-técnico (3 escolas, sendo uma federal e 2 estaduais), Educação de Jovens e Adultos (2 escolas), Educação Escolar Indígena (1 escola) e Educação Escolar de Surdos (1 escola). A Tabela 4 demonstra que a maior parte está inserida no Ensino Fundamental e no Ensino Médio – é importante observar que os percentuais ultrapassam 100% porque algumas pessoas atuam em mais de um nível e/ou modalidade.blank

              As mulheres são a maioria de docentes respondentes (77,85%), sendo que quase metade do total são mulheres negras (44,97%) – seguidas de mulheres brancas (32,21%), homens negros (14,09%) e homens brancos (7,38%). A população negra tem 59,06% de participação na pesquisa com profissionais da educação, não houve nenhuma resposta de educadores/as indígenas, a população branca corresponde a 36,6% do total e amarela 1,34%.blank

              Houve também uma distribuição equânime entre profissionais da educação que lecionam nas diferentes regiões da cidade: 8,72% no centro, 22,15% na leste, 21,48% na norte, 22,82% na oeste e 26,17% na sul. O centro tem o percentual mais baixo porque tem um número menor de escolas, bem como de concentração demográfica. Agora nas regiões da cidade podemos observar uma similaridade entre os percentuais representados.blank

              Para a coleta de informações junto às organizações da sociedade civil, a mobilização ocorreu por meio das redes de articulação em que Geledés está inserido. As instituições receberam mensagens de divulgação e convites para participar voluntariamente do estudo. O questionário foi preenchido pelas próprias organizações e, no período de coleta, alcançou 15 respostas de grupos comprometidos com os direitos de crianças e adolescentes e com o acesso à educação. Destes, retiramos 2 instituições que se apresentaram como escolas e não como sociedade civil. Neste sentido, foram analisadas as respostas de 13 grupos, estes atuantes em todas as regiões da cidade – conforme Tabela 7, onde os percentuais ultrapassam 100% porque há organizações que incidem sobre diferentes territórios.blank

              Um dado relevante é que mais da metade das organizações têm mais de 10 anos (61,54%) – algumas ultrapassam 30 anos. São instituições do movimento negro, igreja católica, casa de acolhimento, grupos culturais, grupos assistenciais, fórum educacional, movimento de saúde, coletivo territorial, ONGs, fundações e associações.blank

              A forma de relação das organizações com a sociedade, como apresenta a Tabela 9, envolve acolhimento, orientações, atendimento, atividades comunitárias, formação, articulação coletiva, incidência política, mediação institucional e diagnóstico territorial. Em tempos de pandemia, como apontam, também sofrem dificuldades para manutenção e continuidade de suas ações, mas têm realizado lives, encontros virtuais, atendimentos específicos e visitas para manter o vínculo comunitário.blank

              Indicadores de desigualdades

              Os indicadores de desigualdades de raça e gênero foram coletados a partir da pesquisa realizada com as famílias. Neste instrumento, a/o responsável apresentou cada uma das pessoas que compõem a residência, considerando idade, gênero, raça/cor, escolaridade, formas de acesso ao ensino remoto/virtual, formas de acesso aos materiais didáticos, rotina em período de isolamento social, estrutura residencial e principais dificuldades para o execução das atividades escolares. A partir da análise de cada uma das pessoas, identificamos desigualdades de acesso aos instrumentos de aprendizagem, às condições para cumprimento das medidas sanitárias, à possibilidade de ficar em isolamento social, à segurança alimentar e nutricional e apoio/suporte no desenvolvimento da rotina acadêmica.

              Abaixo escolhemos indicadores sobre o acesso ao ensino remoto/virtual e a rotina acadêmica das/os 185 estudantes abrangidas/os nesta pesquisa. A primeira questão apresentada pela Tabela 10 refere-se ao material didático a ser utilizado durante a pandemia, e as respostas revelam que 74,5% tiveram acesso e 24,8% não tiveram acesso. Além disso, ao desagregar por gênero e raça, percebe-se uma grande desigualdade: enquanto que 60,98% do total das meninas negras tiveram acesso ao material didático pedagógico, esse indicador é de 81,94% para meninos negros, 93,75% para meninas brancas e 100% para os meninos brancos. Se juntarmos este dado com os indicadores da Tabela 11 sobre a realização das atividades escolares remotas/virtuais, percebe-se que as meninas negras são as mais afetadas pela violação dos direitos às aprendizagens no período de isolamento social.blank

              A Tabela 11 apresenta os percentuais de pessoas em idade escolar das famílias que têm realizado ou não as atividades à distância na educação básica. Se 70,65% do total estão realizando as tarefas escolares, esse indicador cai para 58,54% entre as meninas negras e está acima da média para meninos negros (76,39%), meninas brancas (87,5%) e meninos brancos (92,86%). Ou seja, os dados sobre o direito à educação em período de isolamento social refletem a pirâmide econômica brasileira, em que as mulheres negras estão na base, seguidas de homens negros, mulheres brancas e homens brancos. Mas o que justificaria essas diferenças, já que estamos falando de educação pública? As narrativas de profissionais da educação sobre a participação de estudantes e suas justificativas ajudam a encontrar razões que explicam as profundas desigualdades enfrentadas por meninas e negras/os.blank

              As famílias foram convidadas a responder com que frequência cada uma das pessoas estudantes realizam as atividades escolares. Os indicadores de 2 vezes por semana ou 5 vezes ou mais por semana são os maiores entre meninas negras (17,07% e 14,63%) e meninos negros (34,72% e 19,44%). Para meninas brancas há uma divisão equânime entre os grupos de frequência (18,75% para 1 vez por semana; 12,5% para 2 vezes por semana; 18,75% para 3 vezes por semana; 18,75% para 4 vezes por semana; e 18,75% para 5 vezes ou mais por semana). Os meninos brancos têm o maior percentual em relação ao seu total entre os grupos na faixa de menor frequência (uma vez por semana), sendo 28,57%, mas também têm maior concentração de seu grupo na faixa de maior frequência (5 vezes ou mais por semana), onde estão 42,86% deles.blank

              Na Tabela 13 apresentamos um ranking dos principais motivos apontados pelas famílias para a não realização das atividades escolares remotas/virtuais. Esse dado demonstra que é expressivo o número de estudantes que, mesmo após  6 meses de fechamento das escolas, ainda não tinham acessado os materiais didáticos/pedagógicos. Quase metade dos que não realizam as atividades (44,4%), não fazem porque não têm material. Em seguida, os principais problemas são acesso a equipamentos tecnológicos e à internet. Outros elementos referem-se à adaptação e à organização da nova rotina de atividades/acompanhamento, bem como problemas psicossociais.blank

              Ao questionar as famílias sobre a existência de tempo e espaço adequados para estudos, 35,7% apontam que as crianças e adolescentes não têm horário reservado para as atividades escolares e 38,46% que não têm espaço apropriado para estudar (com cadeira, mesa, iluminação, por exemplo).blank

              As crianças e adolescentes em idade escolar, que nas unidades educacionais contavam com o apoio da equipe pedagógica, nem sempre têm suporte das pessoas adultas da família para acompanhar as atividades remotas/virtuais. Do total, 47,18% têm apoio, 34,36% têm apoio às vezes e 18,46% não têm nenhum apoio. A  Tabela 16, em que encontramos um ranking das formas de acompanhamento apresentadas e dos motivos de não participação das adultas, traz pistas sobre as principais dificuldades enfrentadas pelas famílias.blank

              Os dados abaixo revelam que as principais queixas das famílias para não acompanhar as atividades escolares de crianças e adolescentes são 1) tempo; 2) concomitância das atividades escolares com o horário de trabalho das pessoas responsáveis;  3) despreparo em relação aos conteúdos e 4) falta de equipamentos. Além disso, a junção de outros elementos demonstra inabilidade com atividades pedagógicas, dificuldades com os conteúdos, dificuldades com as ferramentas tecnológicas, sobrecarga e problemas emocionais. Já as crianças e adolescentes que contam com o acompanhamento das/os responsáveis, a maioria têm essa presença durante a realização das atividades e nos momentos de dúvidas e dificuldades específicas, assim como suporte para pesquisa, diálogo com a escola e rotina estabelecida.blank

              Se considerarmos que o tempo e a concomitância da rotina escolar com o horário de trabalho das pessoas responsáveis são os principais fatores que justificam a inexistência de apoio às crianças e aos adolescentes nas atividades escolares remotas/virtuais, a Tabela 17 aponta algumas pistas sobre a realidade das famílias negras. Aproximadamente 28% das pessoas responsáveis pelas famílias estão trabalhando presencialmente desde o início da pandemia, mas ao desagregarmos por raça/cor esse indicador é de 33,72% para as famílias negras e de apenas 8% das famílias brancas. Entre as pessoas que estão em trabalho remoto (30,58%) ou já estiveram trabalhando nessa condição (17,36%), temos o estatística de 48%, enquanto que para as/os responsáveis das famílias negras é de 39% e das famílias brancas de 84%. Ou seja, as crianças de famílias brancas tiveram maior presença de adultos durante o período de isolamento social. Além disso, quando falamos dos fatores estruturais que permitem acesso aos equipamentos e à internet, a taxa de desemprego de pessoas responsáveis pelas famílias negras é de 9,30%, enquanto que para as famílias brancas é de 4%.blank

              A pesquisa revela pontos importantes sobre o aprofundamento das desigualdades de gênero e raça na educação básica, em tempos de pandemia. A base de dados respondida pelas/os docentes traz outras informações que ajudam a compreender qualitativamente a existência dessas diferenças e os fatores que incidem sobre elas. A Tabela 18 traz as percepções de professoras/es sobre a participação de estudantes, considerando as articulações entre raça e gênero. Do total de respondentes, 55,03% consideram que há diferenças na participação de meninas e meninos nas atividades escolares e 55,70% consideram que há diferenças na participação de crianças negras e brancas.blank

              As/os profissionais da educação foram convidados a responder o porquê da existência dessas diferenças, e as observações a partir do contato e diálogo à distância com estudantes espelham os seguintes comentários:

               

              “Percebo que as meninas se justificam mais por estarem se dividindo em tarefas domésticas do que os meninos.”
              “Os meninos se sentem mais confiantes para participar das atividades, abrir o microfone para falar com os professores e a turma, enquanto que as meninas o fazem raramente, se manifestando mais pelo chat das aulas”.
              “As meninas são mais responsáveis.”
              “As meninas são mais empenhadas.”
              “Os meninos são mais desinteressados.”
              “Os meninos acessam mais, pois as meninas parecem mais desmotivadas”.
              “As mulheres relatam mais dificuldades em decorrência das demandas domésticas com a casa e dos cuidados com os filhos.”
              “As meninas participam mais. Mas, ao mesmo tempo, são as que mais trabalham em casa.”
              “A maioria dos alunos da minha escola são pretos/pardos e essa maioria não tem acessado a Plataforma de estudos e nem recebeu o caderno de atividades em casa.”
              “Em geral os alunos negros apresentam grande dificuldade de entrega das atividades.”
              “A porcentagem das crianças que não estão participando é de maioria negra.”
              “As crianças brancas têm mais acesso aos equipamentos.”
              “Na região em que atuo, a grande maioria é de crianças negras. Mas observo em algumas falas de colegas professores ainda um racismo ao compreender a ausência de alunos brancos e criticarem a mesma ou menor ausência de alunos negros.”
              “Crianças brancas participam mais e seus pais acompanham as atividades.”
              “As crianças negras têm menos acesso aos equipamentos tecnológicos.”
              “As crianças negras têm mais dificuldade no aprendizado devido às condições socioeconômicas.”
              “Não fiz um levantamento específico, mas no geral os estudantes negros (homens e mulheres) têm interagido menos, muitos inclusive não participaram de nenhuma atividade, mas seria necessário um levantamento mais específico.”
              “A maior parte dos alunos que têm acesso à internet e às aulas online são os alunos brancos.”
              “Os que nunca acessaram nenhuma atividade são negros. Menor participação de negras.”
              “Infelizmente o cenário que encontramos é de um número muito reduzido de crianças negras que conseguiram continuar acompanhando suas atividades escolares. Muitas delas são de famílias oriundas das classes mais baixas e necessitadas e que sofrem e se tornam vítimas da violência social, seja ela pela desigualdade seja ela familiar.”

               

              As frases acima, retiradas das perguntas abertas direcionadas aos profissionais da educação, revelam que as diferenças identificadas entre meninos e meninas estão divididas entre 1) estereótipos de gênero (“as meninas são mais dedicadas”) e 2) relações de gênero que, por exemplo, ocupam mais as meninas com tarefas domésticas (“Percebo que as meninas se justificam mais por estarem se dividindo em tarefas domésticas do que os meninos.”) e naturalizam o espaço público de fala e participação como prioritariamente masculino (“Os meninos se sentem mais confiantes para participar das atividades, abrir o microfone para falar com os professores e a turma, enquanto que as meninas o fazem raramente, se manifestando mais pelo chat das aulas”).

              As diferenças entre estudantes negros e não negros estão associadas ao acesso de intrumentos de ensino à distância (condições materiais) e ao acompanhamento familiar – que refletem a estrutura e as históricas desigualdades raciais existentes no Brasil, como trabalho e renda, anos de estudos etc. Ou seja, os argumentos estão pautados nas desigualdades existentes entre negros e brancos (“As crianças negras têm menos acesso aos equipamentos tecnológicos.”  e “Crianças brancas participam mais e seus pais acompanham as atividades”).

              Em relação às crianças negras, profissionais de educação consideram que os problemas que mais os afetarão são: 1) reprovação; 2) evasão escolar; 3) aumento da violência; 4) regressão dos indicadores educacionais; e 5) agravamento da saúde física e mental. No entanto, quando nos referimos às meninas, os 5 maiores problemas apontados são: 1) aumento da violência; 2) aumento da violação de direitos e violências sofridas; 3) evasão escolar; 4) aumento das desigualdades sociais; e 5) agravamento da saúde física e mental.

              Ao abordar a realidade específica das meninas negras, 73,83% das/os professoras/es consideram que elas serão afetadas de forma diferente pelas consequências da pandemia. Os motivos, como podemos imaginar, se relacionam com o efeito que as opressões de gênero e raça têm sobre as suas vidas, mantendo-as há séculos na base da pirâmide social brasileira

              blank

              Veja os argumentos compilados até aqui:

               

              “As meninas negras acessam bem menos o Google sala de aula, das 3 denúncias sobre abuso 2 são de meninas negras.”
              Foram fadadas a cuidar da casa e dos irmãos, o que as conduz ao processo de aceitação de profissões desfavorecidas, uma vez que o acesso à escolarização torna-se cada vez mais distante de sua realidade.”
              “Elas tendem a realizar mais atividades domésticas e são mais restritas à cultura escolar.”
              “As meninas negras devem estar tendo uma cobrança em relação à demanda doméstica maior que os outros grupos.”
              “Espero que não, mas posso dizer que elas estão mais vulneráveis neste momento, nas minhas aulas apenas uma aluna negra faz acesso.”
              “Acredito que tenha diferenças sim, pode aumentar a evasão escolar, tendo em vista que no ensino presencial quando o estudante evadido é uma menina, na maioria das vezes ela é negra. O ensino remoto mal planejado, pode afastar as meninas devido a necessidade de alguém que faça os serviços domésticos, erroneamente vistos como apenas feminino. Sendo as famílias negras as mais afetadas pela desigualdade social.”
              “Sim, sobretudo no âmbito do trabalho para complementar a renda de casa.”
              “Acredito que no caso das meninas negras as duas questões se aplicam. O julgamento docente de falta de esforço por parte dos alunos negros e a sobrecarga com reflexos na saúde física e mental dessas meninas.”
              “O acesso é menor e a sofrem mais abusos.”
              “As comunidades negras estão mais segregadas em regiões periféricas, o que dificulta ainda mais as condições ao ensino à distância, deixando as crianças e adolescentes mais expostos e principalmente as meninas negras.”
              “É difícil separar mulheres e homens negros na intensidade que a situação atual impõe para eles. No território da escola vejo que enquanto os homens estão mais suscetíveis à violência, especialmente policial, as mulheres negras estão mais sobrecarregadas física e psicologicamente. Entretanto, talvez o diferencial esteja na questão do isolamento físico, homens negros continuam saindo e circulando pelo bairro (bares, pipas, futebol etc.) e as mulheres menos (algumas igrejas, que é um dos principais locais frequentado por elas permanece fechadas, bem como os espaços de acolhimento, inclusive nas UBS do bairro que desenvolve ações e atividades para mulheres e outros espaços sociais)”
              “Talvez. Mas o que tem percebido é o aumento de crianças (meninos e meninas negros/negras) pedindo contribuição nos semáforos das ruas da Cidade.”
              “Um dos aspectos que temos dialogado em um dos coletivos da escola (Projeto Negritude) é sobre a relação das meninas negras com as questões de abrir câmeras para fazer suas falas. Muitas vezes não abrem, falam que estão com problemas na câmera, que estão no CPU e não tem câmera, enfim, pode ser verdade, mas…”

               

              Conclusões preliminares

               

              Conforme informamos no início do texto, há estudantes que não possuem acesso à educação remota e estão com seus direitos de aprendizagem violados durante a pandemia. Os dados demonstram que as crianças e jovens negras e negros, em particular as meninas negras, não acessam as ferramentas do ensino remoto, não mantem vínculos com a escola e estão com sua formação acadêmica comprometida.

              Os dados apresentados, ainda em caráter preliminar, auxiliam as reflexões sobre os impactos da pandemia nos direitos educativos de estudantes negras e negros e, do ponto de vista prático, apontam para a urgência na tomada de decisões e implementação de ações que garantam o direito à educação e a um percurso formativo de qualidade para todas as pessoas.

              Estão colocados novos desafios para a equidade na educação e para a elaboração de soluções que dizem respeito à política educacional. Para além destes aspectos, ao considerar que o racismo perpassa todas as esferas da vida na nossa sociedade, este se coloca de forma particular para a comunidade escolar já que a escola tem se apresentado como um espaço de afirmação das hierarquias raciais e de reprodução de concepções e práticas racistas.

              No final do mês de janeiro de 2021 apresentaremos o relatório completo deste estudo. Acompanhe as informações pelo Portal Geledés (www.geledes.org.br).

               

              Sobre a pesquisa:

              Coordenação: Suelaine Carneiro

              Realização: Jaqueline Santos

              Pesquisadoras: Bernadete Alves, Maria Falcão e Sirlene Santos

              Contamos ainda com a colaboração de inúmeras pessoas e organizações da sociedade civil na divulgação da pesquisa e no preenchimento dos questionários.

               

               

               

              [1] As classificações de raça/cor e identidade de gênero correspondem à autodeclaração das pessoas responsáveis pelas famílias e que responderam ao questionário.

               

              Dos integrantes¿

               

              185 pessoas das 372 pessoas das 105 famílias são crianças e adolescente em idade escolar.

              Tags: desigualdadedesigualdade de gêneromeninas negraspandemia
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              • Hoje às 17h, as Promotoras Legais Populares- PLPs, realizam uma live para falar sobre ações e desafios durante a pandemia, no canal do YouTube de Geledés Instituto da Mulher Negra.
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              • Para fechar fevereiro, a coluna Nossas Histórias vem com a assinatura da historiadora Bethania Pereira, que nos convida a pensar sobre as camadas de negação da história do Haiti. Confira um trecho do artigo do artigo"O Pioneirismo haitiano nas lutas pela liberdade no Atlântico"."A partir de 1824, o presidente Jean-Pierre Boyer passou a oferecer terras e cidadania para os imigrantes exclusivamente negros, vindos dos Estados Unidos. Ao chegar no Haiti, as pessoas teriam acesso a um lote de terra, ferramentas e, após um ano, receberiam a cidadania haitiana. A fim de fazer seu projeto reconhecido, Boyer enviou Jonathas Granville como seu representante oficial para os Estados Unidos. Lá, Granville pode se reunir com afro-americanos de diferentes locais mas, aparentemente, foi na cidade de Baltimore, onde ele participou de reuniões na African Methodist Episcopal Church – Bethel [Igreja Metodista Episcopal Africana] e pode se encontrar com homens e mulheres negros e negras. Acesse o material na íntegra em: A Coluna Nossas Histórias é parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultune #Haiti #Liberdade #Direitos #SéculoXIX #HistoriadorasNegras #NossasHistórias.
              • #Repost @naosomosalvo • • • • • • A @camaradeputados, o @senadofederal e o @supremotribunalfederal precisam frear a política armamentista da Presidência da República, que coloca em risco nossa segurança e nossa democracia. 72% da população brasileira é contrária à proposta do governo de que é preciso armar a população: precisamos unir nossas forças e vozes contra esses retrocessos! Pressione agora: www.naosomosalvo.com.br As armas que a gente precisa são as que não matam.
              • No próximo sábado, dia 27 de fevereiro, às 17h, as Promotoras Legais Populares- PLPs, realizam uma live para falar sobre ações e desafios durante a pandemia, no canal do YouTube de Geledés Instituto da Mulher Negra.
              • Abdias Nascimento, por Sueli Carneiro “Sempre que penso em Abdias Nascimento o sentimento que me toma é de gratidão aos nossos deuses por sua longa vida e extraordinária história fonte de inspiração de todas as nossas lutas e emblema de nossa força e dignidade. A história política e a reflexão de Abdias Nascimento se inserem no patrimônio político-cultural pan-africanista, repleto de contribuições para a compreensão e superação dos fatores que vêm historicamente subjugando os povos africanos e sua diáspora. Abdias Nascimento é a grande expressão brasileira dessa tradição, que inclui líderes e pensadores da estatura de Marcus Garvey, Aimé Cesaire, Franz Fannon, Cheikh Anta Diop, Léopold Sedar Senghor, Patrice Lumumba, Kwame Nkruman, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Steve Biko, Angela Davis, Martin Luther King, Malcom X, entre muitos outros. A atualidade e a justeza das análises e das posições defendidas por Abdias Nascimento ao longo de sua vida se manifestam contemporaneamente entre outros exemplo, nos resultados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida em setembro de 2001, em Durban, África do Sul, que parecem inspiradas em seu livro O Genocídio do Negro Brasileiro (1978) e em suas incontáveis proposições parlamentares.Aprendemos com ele tudo de essencial que há por saber sobre a questão racial no Brasil: a identificar o genocídio do negro, as manhas dos poderes para impedir a escuta de vozes insurgentes; a nos ver como pertencentes a uma comunidade de destino, produtores e herdeiros de um patrimônio cultural construído nos embates da diáspora negra com a supremacia branca em toda parte. Qualquer tema que esteja na agenda nacional sobre a problemática racial no presente já esteve em sua agenda política há décadas atrás, nada lhe escapou. Mas sobretudo o que devemos a ele é a conquista de um pensar negro: uma perspectiva política afrocentrada para o desvelamento e enfrentamento dos desafios para a efetivação de uma cidadania afrodescendente no Brasil, o seu mais generoso legado à nossa luta.” 📷Romulo Arruda
              • #Repost @brazilfound • • • • • • InstaLive Junte-se a nós para uma conversa com Januário Garcia, ícone da história do movimento negro no Brasil, enquanto celebramos o mês da história negra (Black History Month).⁠ ⁠ 📆: Terça-feira, 23 de fevereiro ⁠ ⏱: 18 hs horário de Brasília⁠ 📍: Instagram da BrazilFoundation (@brazilfound)⁠ ⁠ Fotógrafo brasileiro, Januário Garcia há mais de 40 anos vem documentando os aspectos social, político, cultural e econômico das populações negras do Brasil. Formado em Comunicação Visual, passou por prestigiados jornais e grandes agências de publicidade do Rio de Janeiro e é autor das fotos de álbuns icônicos de artistas consagrados. ⁠ ⁠ Januário participa de importantes espaços de memória, arte e cultura do povo negro; é co-fundador do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, é membro do Conselho Memorial Zumbi e, atualmente, Presidente do Instituto Januário Garcia, um Centro de Memória Contemporâneo de Matrizes Africanas.⁠ ⁠ *⁠ #BrazilFoundation #mêsdahistórianegra #blackhistorymonth #januáriogarcia #brasil @januariogarciaoficial
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              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

              Fique em casa

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              Parem de nos matar (Portal Geledés)

              Pela afirmação da vida, pela liberdade e contra a brutalidade policial

              03/03/2021
              Foto: Pedro Kirilos/Riotur

              O Rio de janeiro continua… segregacionista

              03/03/2021
              Foto: Divulgação

              Grandes cordelistas têm encontros marcados com os novos tempos, de 6 de março a 24 de abril

              03/03/2021

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